Saúde cardíaca e saúde auditiva estão intimamente ligadas, devido à importância que tem para ambas, a circulação sanguínea.
Muitas das doenças cardíacas e tromboses estão relacionadas com a hipertensão arterial. O efeito da hipertensão tem a ver com o fluxo sanguíneo. Quando a pressão arterial aumenta, o coração bombeia sangue através das artérias mais rápido e com mais força do que o normal. Esta situação pode causar ruturas no revestimento das paredes dos vasos sanguíneos. Enquanto o organismo tende a “corrigir” estas ruturas, vão-se formando placas bacterianas. Estas são uma combinação de gordura, colesterol, cálcio e outras substâncias encontradas no sangue. O acúmulo destas placas pode levar a bloqueios, coágulos e ao enfraquecimento das artérias, limitando o fluxo sanguíneo para os diferentes órgãos.
No caso do ouvido, esta redução do fluxo, devido à hipertensão, pode causar um suprimento inadequado de sangue para o ouvido interno. As primeiras células ciliadas a serem afetadas, são as externas. Se não houver oxigénio suficiente, devido a esta dificuldade, as células poderão ficar danificadas ou até morrerem. Isto afeta a audição, provocando perda auditiva neurossensorial e/ou problemas de equilíbrio. Em paralelo, pode-se verificar declínio cognitivo e demência.
Da mesma forma, a obstrução do suprimento de sangue para o cérebro pode originar tromboses. Se ocorrerem nas áreas do cérebro responsáveis pela audição e equilíbrio, também podem causar problemas auditivos, com dificuldade no reconhecimento da palavra, tonturas e problemas de equilíbrio.
Uma das principais razões para se fazer a associação entre doenças cardíacas e perda auditiva é a partilha dos mesmos fatores de risco: hipertensão, diabetes, história familiar, tabagismo, entre outros.
Juntamente com a perda auditiva, as interrupções no fluxo sanguíneo devido ao estreitamento dos vasos, podem, também, estar na origem do zumbido. O tipo mais comum de zumbido, nestas situações é o “pulsátil”. É audível um som como uma batida em sincronia com as batidas cardíacas.
Existe, também, um possível risco de perda auditiva neurossensorial súbita devido a doença cardíaca e ao acidente vascular cerebral. Há, ainda, uma maior probabilidade de tromboses, 2 anos após a surdez súbita.
Uma das possíveis causas de surdez súbita é a falta de fluxo sanguíneo, originando a interrupção do suprimento de oxigénio ao ouvido interno ou em partes das regiões do processamento auditivo.
Alguns medicamentos para problemas cardíacos podem ter efeitos colaterais e serem ototóxicos. Nestes incluem-se aspirina, estatinas, betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina. Por vezes, estão, também, na origem do zumbido. É importante prestar atenção a estes fatores para não agravar a perda auditiva.
Considerações para uma melhor relação entre o funcionamento cardíaco e auditivo:
• Hábitos de vida saudáveis, como uma dieta equilibrada e exercício físico regular para prevenir problemas com o sistema cardiovascular.
• Controlo do stress. Técnicas de relaxamento como yoga ou meditação podem ajudar.
• Não fumar.
• Medições regulares da pressão arterial.
• Exames audiométricos regulares para avaliar os níveis auditivos.
• Utilização de aparelhos auditivos, ou implantes cocleares, quando necessário.
• Muito importante: em caso de zumbido pulsátil, consultar um cardiologista.
Um sistema cardiovascular saudável é essencial para a saúde auditiva, sendo esta uma parte fundamental da saúde geral.