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Zumbido: agravamento em tempos de pandemia

Em fase de pandemia, o número de pessoas com queixas de zumbido aumentou. As que já o sentiam antes, referem a agudização do mesmo e as que o tinham esporadicamente, viram o zumbido tornar-se mais frequente.

Segundo Jastreboff, zumbido não é uma doença, mas sim um sintoma e define-se como a perceção de um som, na ausência de estímulo externo.

Existem vários fatores associados ao aparecimento do zumbido, como sejam a idade avançada, alguns medicamentos, exposição frequente a ruído, otosclerose, presbiacusia, surdez súbita, doença de Ménière, schwannoma do acústico ou ainda doenças cardiovasculares, entre outras.

Há mais de trinta anos, as abordagens relacionadas com o zumbido focavam-se no sistema auditivo periférico, principalmente na cóclea. Entretanto, foi-se percebendo que o zumbido estava associado a queixas de ansiedade, depressão, stress, problemas relacionados com o sono, que por sua vez remetem para uma maior dificuldade para exercer as atividades diárias, dificuldade de concentração e foco.

Esta observação criou a base para o modelo neurofisiológico do zumbido, de Jastreboff, que explica com clareza, como outros sistemas cerebrais fora do sistema auditivo se relacionam. Através do sistema nervoso autónomo, o sistema límbico, (responsável por comportamentos emocionais, sexuais e sociais, aprendizagem e memória) interfere positiva ou negativamente no funcionamento de todo o organismo. A sua principal função é a integração das informações sensitivo-sensoriais com o estado psíquico, sendo atribuído um conteúdo afetivo a esses estímulos, originando uma resposta emocional.

Segundo Jastreboff, existem dois circuitos (loops) na rede das interconexões dos principais sistemas envolvidos no processamento do zumbido: um circuito superior (high loop) que envolve o processamento cognitivo (particularmente significativo durante o período inicial do zumbido) e um circuito inferior (low loop) que envolve o processamento subconsciente (dominante no zumbido crónico).

Com base neste modelo neurofisiológico, Jastreboff propõe um tratamento, TRT (Tinnitus Retraining Therapy) que visa contrariar as reações negativas associadas ao zumbido, promovendo a sua habituação, através de reajustes entre as conexões do sistema auditivo com os outros sistemas cerebrais. A plasticidade cerebral é crucial para este treino e para que a habituação ocorra. O TRT contem duas componentes que devem ser implementadas simultaneamente: aconselhamento de treino e terapia sonora. A primeira componente (que influencia diretamente o “high loop”) inclui várias sessões de acompanhamento, no sentido de desmistificar o zumbido, neutralizando, assim, as associações negativas e as concessões erradas. Estas sessões vão ajudar as pessoas a “não o valorizar”, pois o zumbido “adora estados emocionais frágeis”.  É, ainda, necessário recolher a história clínica, realizar a avaliação audiológica, usar questionários para uma categorização dos pacientes, (5 categorias), de acordo com a severidade sentida pelo zumbido, existência de hipoacusia, hiperacusia e exposição prolongada a ruído, que irá ajudar a definir os diferentes tratamentos.

Relativamente à segunda componente – terapia sonora (com maior impacto no “low loop”), quando não existe perda auditiva associada, é necessário recorrer a geradores de sons, com o objetivo de minimizar o zumbido, evitando o silêncio e promovendo o enriquecimento sonoro. Estes sons devem ser agradáveis para o paciente, não provocando desconforto nem causando uma excitação negativa do sistema límbico. Se o zumbido é acompanhado de surdez, a adaptação de prótese auditiva bilateral, só por si, será suficiente para eliminar o zumbido ou pelo menos para o atenuar. Existem, hoje em dia, próteses combinadas que reúnem as duas funções.

Dada esta forte ligação do zumbido ao estado emocional, percebe-se que durante esta fase conturbada de pandemia, haja mais queixas de zumbido, sendo, por isso, necessário dar às pessoas afetadas, informação e estratégias, para que possam ser ajudadas.

[fonte]Referência:Jastreboff, PJ. Thirty years of the neurophysiological model of tinnitus and Tinnitus Retraining Therapy (TRT). Canadian Audiologist, Vol. 6, Issue 4, 2019; Créditos de imagem: Fotolia – ©Axel Kock [/fonte]

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