A surdez súbita é uma perda repentina da audição, normalmente num ouvido, podendo, no entanto, ocorrer nos dois, em simultâneo. A maior parte das pessoas desconhece que a surdez súbita deve ser, sempre, considerada uma urgência médica.
Qualquer pessoa que a experiencie deve procurar imediatamente a ajuda de um médico otorrinolaringologista, recorrendo mesmo ao serviço de urgência. O erro mais comum é a relativização do problema, adiando a consulta, por se entender que a situação é reversível, “que logo passa”. Nada de mais errado!
É importante reter que se não houver intervenção nos dois dias após o início dos sintomas, as probabilidades de reversão começam a diminuir. O atraso no diagnóstico vai, com toda a certeza, reduzir a eficácia do respetivo tratamento.
A surdez súbita é primariamente diagnosticada a partir da história clínica do paciente e do resultado do exame auditivo, o audiograma. Se o teste auditivo mostrar uma perda de pelo menos 30 dB em três frequências seguidas, comparativamente à audição anterior, pode ser considerada surdez súbita. Podem ainda ser incluídos exames de sangue, testes de equilíbrio (Videonistagmografia ou Eletrococleografia para despiste da Doença de Ménière), ou ainda ressonância magnética.
A surdez súbita surge, muitas vezes, associada a tonturas e ainda mais vulgarmente a zumbido, ou ambos. Estas situações são as de pior prognóstico. Pode acontecer ao acordar; algumas pessoas apercebem-se quando tentam colocar o telefone num ouvido e não ouvem; outras, ainda, sentem como que um “estouro” no ouvido, imediatamente antes de deixarem de ouvir.
A maior parte das pessoas que recorre a tratamento médico otorrinolaringológico logo após a incidência, recupera na totalidade (ou quase) a sua audição. A recuperação será tanto pior quanto maior for a perda instalada, por adiamento da procura de ajuda. Se esta só ocorrer ao fim de uma ou duas semanas, o resultado poderá ser desolador, tornando-se uma situação irreversível.
Relativamente às causas, as explicações mais frequentes referem má vascularização do ouvido interno (insuficiência vascular, embolia ou trombose) ou infeção viral (mais comum o herpes simplex). Outras causas apontam para doenças infeciosas, meningite bacteriana, doenças autoimunes (ex.: síndrome de Cogan), doença de Ménière, doença de Lyme, ototoxicidade por fármacos (que danificam as células ciliadas do ouvido interno), distúrbios metabólicos como a diabetes, ou ainda distúrbios neurológicos, como esclerose múltipla. Pode, ainda, ser de causa desconhecida. Esta situação ocorre com mais frequência em adultos entre os 40 e 50 anos, sendo ambos os sexos igualmente afetados.
O tratamento mais comum para a surdez súbita, em particular quando a causa é desconhecida, são os corticosteroides. No entanto, se se souber a causa, será mais fácil prescrever medicação específica, tendo em conta a etiologia, (antibiótico se for causado por uma infeção bacteriana ou direcionadas ao sistema imunológico, por exemplo). A evolução da situação auditiva deve ser monitorizada através de sucessivos audiogramas. Se a audição não se restabelecer, há que ponderar a sua reabilitação através de aparelhos auditivos ou mesmo implante coclear.
O mais importante é estarmos alerta para a ocorrência da surdez súbita, sabendo que é essencial que se procure ajuda médica com a maior brevidade possível.
[fonte]Referência:Stachler RJ, Chandrasekhar SS, Archer SM, et al: Clinical practice guideline: Sudden hearing loss. Otolaryngol Head Neck Surg 146(3 Supl): S1–35, 2012. doi: 10.1177/0194599812436449.; Créditos da imagem: https://miro.medium.com/max/300/1*EmlbJ0e0bY8OOAgQSfLGyg.jpeg [/fonte]