As aulas de yoga terapêutico são geralmente frequentadas por pessoas com problemas físicos ou emocionais e também por pessoas com idade avançada e que não se encaixam nas dinâmicas de ginásio.
É um trabalho extremamente gratificante ver o modo como os alunos se empenham em procurar entender o seu corpo e melhorar a sua performance. É uma conquista diária: abre-lhes um sorriso e a expressão é de confiança. É ótimo quando, por exemplo, chegam com uma dor na zona lombar ou no nervo ciático e saem sem dor, confiantes em todo o processo que envolve uma aula de yoga.
Como professora de yoga, dar qualidade de vida a um aluno é receber um enorme presente. É dar um significado e um enorme sentido de vida ao trabalho realizado.
Em todas as faixas etárias existem todo o tipo de alunos. Uns com mais resistência ao ato de entrega a si mesmo e à descoberta de quem se é. Desbravar os medos e as inseguranças, como se fossem a forma real de estar na vida.
O trabalho do professor para aumentar os níveis de confiança, de autoestima e de autoaceitação, fica bem mais difícil. Mas, sempre temos ajuda nas conversas de vestiário em que os comentários sobre as conquistas realizadas na prática, são impulsionadas para mostrar à pessoa com resistência que ao deixar-se guiar, vai lá chegar. É bom perceber a interajuda do grupo e as amizades que se vão formando. Digo muito vezes que a Vidya-academia de Yoga do Porto e quem por lá passa é também um porto seguro na conquista de amizades e um local para troca de experiências. Um dos maiores problemas da nossa sociedade é a solidão e as conversas de vestiário são fundamentais, para impulsionar o diálogo, a partilha de conhecimentos, as alegrias e as tristezas do dia-a-dia.
Existem pessoas, que impelidas por um familiar ou uma vontade própria muito hesitante, resolvem inscrever-se nas aulas e lutam e entregam-se na perceção que estarão no local certo, para soltar a resistência física e mental acumulada ao longo de tantas vivências e solicitações. Embora muitos não consigam trabalhar o seu lado emocional de forma consciente, a prática de yoga tem essa grande virtude de abrir esse caminho, quer haja disponibilidade mental para isso ou não. Uns aceitam, outros vão embora porque não se quererem ver num outro eu, que muita vezes desmorona ou fragiliza ainda mais a estrutura familiar. Mas tudo faz parte do caminho de aceitação que se deve ter face à vida e a nós mesmos.
O importante é perceber, independentemente da idade, que o yoga não é um conjunto de exercícios físicos, é muito mais que isso. É ganhar consciência da ligação entre mente, respiração e atividade física. É perceber que tudo vale a pena ser vivido, se o quisermos. Mesmo aparecendo esse caminho de forma inesperada, estar recetivo é o mais importante. Na vida nada é sempre bom, nem sempre mau. Apenas tem de ser vivido de forma plena, sabendo que sempre haverá outro amanhã. Se soubermos viver o hoje, o amanhã estará garantido.
