A prática de yoga permite ao ser humano olhar para as características da sua personalidade de uma forma construtiva.
Ao perceber que as suas características de personalidade são uma reunião do apreendido e não do analisado, as respostas sobre a forma como o individuo se coloca no mundo, podem surgir na simples resposta a esta pergunta: isto é bom para mim e para o que/quem me rodeia?
A resposta sobre os múltiplos aspetos de quem se é, abre novas perspetivas permitindo chegar a uma zona de conforto, de aceitação de quem se é, validando o viver em pleno, no ambiente social-cultural do qual nos sentimos pertença.
Quando a mente humana entra neste processo dado pela prática de yoga, muitos dos pensamentos negativos que tem, tendem a desaparecer ou a atenuar-se. Um dos exemplos mais clássicos é o aluno ter medo de fazer as posturas invertidas. A missão do professor é permitir que esses medos sejam ultrapassados, através da confiança que o aluno aprende a depositar no professor. Quando o aluno reconhece a sua auto capacidade para dominar e ultrapassar o medo, há um mundo de oportunidades que se abre. O aluno entende que os medos são construções mentais, muitos adquiridos por educação ou por vivência direta de episódios traumatizantes, mas que facilmente podem ser ultrapassados desde que haja vontade e determinação.
O poder da mente é infinito, o homem é o animal com maior capacidade de adaptação ao que o rodeia. O passo mais importante é munir-se de ferramentas, para sair do casulo e perceber o lugar de cada um no mundo. Só esta tomada de consciência poderá impedir o individualismo e a noção de poder e conquista sobre o outro. O autoconhecimento, a partilha, a aceitação do outro são os ingredientes fundamentais para a comunhão com o mundo que nos rodeia. Mas este caminho só é possível quando o caminho da introspeção é uma libertação, é um sair da esfera pessoal, para compreender a multitude que nos rodeia. E que a nossa individualidade só é definida quando compreendida no seio desse turbilhão de múltiplas experiências.
O caminho da introspeção tem muitas variantes e pode ser conseguida de forma individual, ou recorrendo a ajudas, como por exemplo: meditar ou com apoio psicológico. Estas ajudas devem ser realizadas por profissionais devidamente credenciados para que estas práticas sejam uma experiência positiva de libertação de um Eu que sufoca mais do que apoia ou edifica.
Praticar yoga também é um desses caminhos para a introspeção, ou seja, para praticar uma postura a mente tem de estar no momento presente. O foco na realização da asana (da postura), tem de ser uma simbiose entre a respiração e o foco mental no momento, o que implica estar atento ao movimento do corpo sincronizado com a respiração e a consciência da atenção mental, nesse exato momento.
Na vida social do dia-a-dia, a prática de yoga oferece múltiplas ferramentas, conceitos, atitudes e técnicas através das quais é possível alcançar a realização interior que conduz à felicidade e à realização espiritual, criando harmonia em todos os aspetos da vida pessoal e nas relações interpessoais.
Todas as qualidades psicossociais essenciais para relacionamentos interpessoais saudáveis são cultivadas, quando vivemos uma vida apoiada na filosofia do yoga. Essa filosofia coloca como qualidades humanas, a compreensão amorosa, a sensibilidade inata para poder escutar e aceitar o outro, a compaixão, a empatia, o respeito, a gratidão, a caridade, a fidelidade e a responsabilidade, entre outras. A estas qualidades da maneira de ser, devem ser privilegiadas formas de estar que permitam o conhecimento do mundo que nos rodeia e que inevitavelmente leva a um retorno ao Eu interior. Estas formas de estar na vida são sobretudo, a coragem, a pureza na forma como vemos o outro e as nossas ações, a determinação no caminho do conhecimento, o autocontrole, o espírito de sacrifício, a autoanálise, a disciplina diária, a retidão na atitude, a não violência, a procura da verdade e da justiça, o espírito de renúncia, a tranquilidade como forma de vivenciar os acontecimentos, a modéstia, o perdão, a ausência de orgulho. Colocar em marcha esta forma de viver, dada pela filosofia do yoga é um ato de coragem, de valentia e de discernimento no mundo atual. Mas é um caminho para encarar o mundo com compaixão e amor pelo próximo, criando um mundo longe de guerras, de fanatismos e de crenças de que o “nosso mundo” é melhor que o do outro.