A prática do yoga pode transformar o aspeto físico da pessoa, além dos aspetos psicológicos e mentais? Sim, pode.
Analisando as práticas de respiração, como por exemplo a respiração completa, que deve ser praticada desde a zona intercostal inferior – onde se localiza o diafragma, até às clavículas, sempre é dada como referência, que o aluno expanda a sua caixa torácica o mais possível, na inspiração, e que a expiração seja mais lenta e suave que a inspiração.
Neste processo, praticado ao longo do tempo, é mais que provável que o aluno sinta as camisas, os vestidos e roupa com pouca elasticidade, mais apertada. De facto, quando se trabalha a expansão da caixa torácica, essa expansão vai permitir que os músculos intercostais se alarguem e mantenham esse alargamento, devido ao fortalecimento dado pelo movimento da respiração, dando a sensação de roupa apertada.
As asanas ou posturas, também contribuem para uma definição do corpo. As posturas mantidas durante um determinado número de respirações, contribuem para uma melhor definição do corpo, ao mobilizar músculos e recuperando a sua forma natural em alongamento e não em contração. Enquanto que, com a inspiração se tenta alongar, com a expiração tenta-se inclinar ou torcer o tronco.
O corpo de um praticante de yoga não é naturalmente um corpo com músculos muito definidos, mas a força e a resistência muscular estão a um nível bastante alto, porque a resistência que as posturas oferecem por si só, permite esse fortalecimento.
A prática de yoga permite também a aceitação de quem se é. Essa aceitação permite novas realidades, por exemplo leva a que a substituição do desconforto emocional por comida naturalmente desapareça dando origem à busca por alimentos mais saudáveis e um regime alimentar mais de acordo com o bem-estar pessoal. A autoconfiança e autoestima que a prática de yoga oferece, vão mudando a forma como se idealiza o lugar de cada um no mundo.
As técnicas de respiração associadas à prática das posturas apoiam esta plenitude de consciência e de aceitação de quem se é, e da forma como se enquadra no mundo que o rodeia. A aceitação de quem se é, dos erros que se cometem, das proezas que se realizam e de tudo o que acontece na vida de cada um, tem de ter uma perspetiva não na base da emoção, mas na base da aceitação de si, de quem se é, de para onde se deseja ir.
As emoções são alicerces para perceber o que se sente, mas a leitura da forma como se vê a vida tem de passar a um plano de resiliência, de aceitação do momento presente e de acreditar que o caminho deve ser trilhado sempre com a vontade de viver cada minuto, com o melhor que há na casa de cada um de nós. Como dizia William Ernest Henley no poema Invictus:
I am the master of my fate, (Sou o mestre do meu destino,)
I am the captain of my soul. (Eu sou o capitão da minha alma.)
A meditação não transforma o corpo, mas transforma a mente no caminho da descoberta de quem se é e de como se quer construir a vida que se tem. Cada vida é única, universal e respeitável. Faz-nos perceber como a aceitação de nós nos aproxima do outro e aceitamos a forma de ser daqueles que nos rodeiam e a quem chamamos amigos.
