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Ter um animal de estimação durante o cancro: alegrias e desafios

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Ter companhia e receber suporte emocional são alguns dos motivos para se ter um animal de estimação durante o cancro. Qual o verdadeiro impacto deste ser numa fase mais desafiante da vida como é a vivência da doença? Neste texto expomos alguns benefícios (alegrias) e desafios de ter um animal de estimação durante a experiência de um cancro. A maioria da informação presente refere-se a cães, espécie esta sobre as qual existe mais investigação disponível.

Alegrias

Os animais de estimação representam para muitas pessoas a oportunidade de viver uma relação plena de amor incondicional. Numa fase mais sensível como é a vivência de um cancro, a presença de um animal pode proporcionar uma redução do mal-estar emocional diminuindo sintomas de ansiedade e depressão. Fisiologicamente, ter um animal de estimação parece reduzir indicadores de stress, como a pressão arterial e o ritmo cardíaco. Inclusivamente a percepção de dor parece ser menor em pessoas que têm interação com animais do que aquelas que não o têm. Os animais parecem tirar o foco da doença e dos sintomas e oferecer à pessoa doente uma sensação de propósito, seja pela chance de cuidar dele ou de acariciá-lo e dar-lhe conforto. Infelizmente, nem tudo são alegrias, e ter animais de estimação pode trazer inconvenientes.

Desafios

Ter um animal de estimação requer disponibilidade de tempo e espaço e capacidade financeira. Ora, nem todas as pessoas têm estas condições ou, até por causa da doença, esta elas podem estar limitadas. Adicionalmente, é essencial lembrarmo-nos que os animais de estimação são seres vivos e, como tal, podem transportar consigo por exemplo, parasitas, vírus, bactérias. Estes podem representar um risco para a saúde dos seres humanos, especialmente aqueles que estão doentes. Os próprios animais podem desenvolver problemas de saúde enquanto o dono está doente, gerando mais um potencial fator de sobrecarga na experiência do cancro. Em pessoas com doença avançada, por vezes, a existência do animal pode gerar ansiedade e angústia, devido ao risco de morte e a preocupações com o cuidado e bem-estar do animal no futuro. Não obstante destes desafios, considerando certos cuidados, é possível lidarmos com eles.

Cuidados a ter

Se o animal ainda estiver para ser incluído no lar, a espécie que vai ser comprada/adotada ou a própria raça são fatores essenciais a ter em conta. A força, o peso, a altura, a necessidade de atenção considerando as capacidades de quem consegue assegurar de forma mais permanente os cuidados ao animal também devem ser entrar na lista de critérios. É determinante  garantir a higiene tanto do animal como da pessoa doente após o contacto com o mesmo (e.g. lavar as mãos, usar máscara). Se vive sozinho/a pode ser útil solicitar a alguém de confiança que fique com o animal nos momentos em que não se sente capaz ou não está disponível, bem como identificar como proceder com o animal no caso deste precisar de um novo dono.

É crucial tomar decisões conscientes e refletidas quando se integra um animal de estimação na família, ou como se consegue gerir a disponibilidade para o animal que já faz parte da família. Esta decisão torna-se ainda mais importante quando algum dos humanos tem uma doença como o cancro. Caso esteja a pensar incluir um animal de estimação na sua família, ou tenha já um, fale com o seu oncologista e um veterinário para escolher e lidar com o seu animal de estimação da forma mais apropriada.

Referências: Chan, M. M., & Rico, G. T. (2019). The “pet effect” in cancer patients: Risks and benefits of human-pet interaction. Critical reviews in oncology/hematology, 143, 56-61. https://doi.org/10.1016/j.critrevonc.2019.08.004; Hussein, S. M., Soliman, W. S., & Khalifa, A. A. (2021). Benefits of pets’ ownership, a review based on health perspectives. Journal of Internal Medicine and Emergency Research, 2(1), 1-9https://doi.org/10.37191/Mapsci-2582-7367-2(1)-020
Imagem por nomao saeki no Unsplash
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