Distress psicológico: quando se torna difícil lidar com o dia-a-dia

O distress psicológico é um estado de desconforto e mal-estar emocionais que torna difícil lidar com o dia-a-dia. Acontecimentos de vida desafiantes, com os quais sentimos que não conseguimos lidar, podem desencadear este estado. Estima-se que em Portugal 22,5% dos cidadãos sentem distress psicológico. A adoção de estratégias saudáveis podem ajudar a gerir este estado.

Sinais e sintomas do distress psicológico

O distress psicológico caracteriza-se por sinais e sintomas como:

  • Ansiedade: emoção desagradável que surge na sequência de pensamentos sobre possíveis cenários futuros percebidos como ameaçadores
  • Tristeza profunda: emoção desagradável que surge na sequência de uma sensação de perda
  • Choro fácil: dificuldade em gerir o choro
  • Somatização: sintomas físicos que surgem na sequência do mal-estar emocional, podem ser infeções, dores musculares, taquicardia
  • Desespero: achar que as situações não têm resolução possível
  • Problemas de sono: dificuldades em adormecer, sono não repousante, acordar repentinamente, dificuldades em acordar
  • Problemas de alimentação: excessiva, carente ou desiquilibrada
  • Uso desregulado de tecnologias

Um acontecimento perante o qual uma pessoa se sente vulnerável e sem recursos para gerir, por exemplo, problemas no trabalho, dificuldades relacionais, uma doença, ou a morte de alguém próximo, pode suscitar o surgimento de distress psicológico. Por sua vez, o distress psicológico torna difícil lidar com o dia-a-dia. Um estudo do Instituto Ricardo Jorge, estima que 22,5% dos portugueses entre os 25 e os 74 anos apresentam distress psicológico. A investigação sugere que é mais comum em pessoas do sexo feminino, a partir dos 55 anos, viúvas e que não estão a trabalhar (reformadas, estudantes ou desempregadas).

Estratégias para gerir o distress psicológico

Este estado não é necessariamente sinónimo de doença mental. No entanto, se sentir que está em distress psicológico, deve contactar um profissional de saúde mental para que este possa indicar o melhor procedimento a adotar no seu caso. Individualmente pode tentar aplicar estratégias saudáveis de gerir o distress psicológico:

  • Identificar o que sente e aceitar o seu estado emocional
  • Falar sobre o que sente com alguém em quem confie
  • Realizar atividade física
  • Tentar fazer uma alimentação saudável
  • Fazer pausas dedicadas a desfrutar de algo que goste durante o dia (ex. ler um artigo, beber um café, apanhar sol)
  • Executar uma tarefa na qual se sinta competente, por exemplo cozinhar, desenhar, limpar
  • Fazer exercícios de relaxamento
  • Seguir uma rotina fixa
Referências: Goldberg, D. (1992). A classification of psychological distress for use in primary care settings. In Sot. Sci. Med (Vol. 35, Issue 2);  Ridner, S. (2004). Psychological distress: Concept analysis. Journal of Advanced Nursing, 45(5), 536–545; Sanderson, W. C., Arunagiri, V., Funk, A. P., Ginsburg, K. L., Krychiw, J. K., Limowski, A. R., Olesnycky, O. S., & Stout, Z. (2020). The Nature and Treatment of Pandemic-Related Psychological Distress. Journal of Contemporary Psychotherapy50(4), 251–263. https://doi.org/10.1007/s10879-020-09463-7;Fotografia por  Matthew Osborn no Unsplash

Carolina Blom é psicóloga (Nº OPP: 25152), mestre em Psicologia com especialização em Clínica e Saúde pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Atualmente é estudante de doutoramento na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde investiga sobre a qualidade de vida do cuidador informal da pessoa com doença oncológica. No seu percurso académico e profissional trabalhou com adultos maiores institucionalizados, estudantes do 1º ciclo, encarregados de educação, professores e auxiliares e crianças e jovens em risco. O seu interesse na prestação de cuidados às pessoas com doença oncológica despertou durante a experiência enquanto voluntária no acompanhamento de doentes e das suas famílias e, posteriormente, pela experiência pessoal enquanto cuidadora informal. Usa o novo acordo ortográfico. Carolina Blom is a psychologist (License Nr: 25152) and has a master’s degree in Psychology with a specialization in Clinical and Health from the Faculty of Education and Psychology of the Catholic University of Portugal. Currently, she is a PhD student at the Faculty of Psychology and Educational Sciences of the University of Porto, where she researches about the quality of life of the informal cancer caregiver. In her academic and professional path, she worked with older adults, primary school students, teachers, educators, and children and young people at risk. Her interest in cancer caregiving arose during her experience as a volunteer in the care of patients and their families and later through her personal experience as an informal caregiver.