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Desafiar as dificuldades cognitivas associadas ao cancro

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A par dos efeitos pretendidos, infelizmente o tratamento do cancro também se associa a consequências indesejadas. Entre elas estão as dificuldades cognitivas que parecem afetar um terço das pessoas com cancro. Exploramos aqui o que são estas dificuldades, como podem surgir, e expomos algumas formas para tentar recuperar das mesmas.

Dificuldades cognitivas associadas ao cancro

A nossa cognição envolve tarefas do cérebro que se relacionam por exemplo com a atenção, a memória e o pensamento. Por sua vez, estas permitem-nos organizar o nosso dia-a-dia, cuidar de nós mesmos, do nosso lar, de outras pessoas, socializar e trabalhar. Na sequência do tratamento do cancro, especialmente da quimioterapia, várias pessoas reportam sentir uma sensação de “nevoeiro mental” que causa entraves na sua cognição e, consequentemente no sucesso na realização destas tarefas.

Múltiplos fatores relacionam-se com estas dificuldades. Alguns associados à pessoa, como a sua vulnerabilidade prévia a dificuldades cognitivas, a sua saúde mental, problemas de sono e outras relacionam-se com a forma como a quimioterapia é administrada – dose, duração, periodicidade. Os estudos com animais em laboratório e pessoas continuam a ser realizados para que haja uma melhor compreensão dos mecanismos que geram estas dificuldades.

Grande parte das pessoas dizem que sentem estes sintomas durante a quimioterapia e após a mesma, o que levou à criação do conceito “chemo brain”, ou seja “cérebro da quimio”. Contudo, este nome é controverso, uma vez que já se verificam por vezes problemas cognitivos nas pessoas com cancro antes da quimioterapia, sendo mais cauteloso usar o termo “dificuldades cognitivas ou declínio cognitivo associado ao cancro”.

Tratamento das dificuldades cognitivas

Independentemente da sua génese, importa fazer face às dificuldades cognitivas para que estas dissipem ou pelo menos não se agravem. A investigação sugere que a utilização destas abordagens parece ser benéfica, mesmo antes da conclusão dos tratamentos. Escolher qualquer uma delas implica refletir antes com profissionais de saúde que acompanham a pessoa doente de forma mais próxima.

  • Reabilitação cognitiva – realização de exercícios específicos que põem à prova as capacidades cognitivas, que podem ser feitos individualmente ou em grupo e online
  • Terapia cognitivo comportamental – frequência de um processo de intervenção psicológica focado maioritariamente na resolução de problemas; normalmente realizado em conjunto com a reabilitação cognitiva
  • Redução do stress baseada no mindfulness – práticas meditativas focadas na atenção e na consciência
  • Exercício físico – especialmente aquele que exige trabalho cardiorrespiratório
Referências: Chao, D., Hale, A., Henry, N. L., Kratz, A. L., & Gabel, N. M. (2021). Cancer-related cognitive impairment or “chemobrain:” emerging assessments, treatments, and targets for intervention. Current Physical Medicine and Rehabilitation Reports, 9, 108-118. https://doi.org/10.1007/s40141-021-00319-2  ; Mounier, N. M., Abdel-Maged, A. E., Wahdan, S. A., Gad, A. M., & Azab, S. S. (2020). Chemotherapy-induced cognitive impairment (CICI): An overview of etiology and pathogenesis. Life sciences, 258, 118071. https://doi.org/10.1016/j.lfs.2020.118071
Foto de Mark Fletcher-Brown na Unsplash
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