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Exercício físico após diagnóstico de cancro: barreiras e benefícios

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Apesar de serem reconhecidos os benefícios associados ao exercício físico após diagnóstico de cancro, a maioria dos doentes diminui os níveis de atividade física.

Todos os anos, muitos portugueses enfrentam um diagnóstico de cancro, levando-os, na maioria das vezes, a um plano de tratamento que pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Estes tratamentos manifestam um conjunto de efeitos colaterais muito próprios e que afetam a motivação dos doentes para se manterem fisicamente ativos.

Um estudo publicado na conceituada revista americana Journal of Clinical Oncology incluiu uma amostra de 662 doentes oncológicos, com a idade média de 60 anos, a presença maioritariamente das mulheres (65%) e com excesso de peso/obesidade (65%). Depois do diagnóstico 75% diminui os níveis de exercício físico (499 do grupo de 662 doentes) relatando que a barreira mais comum para a prática de exercício foi a fadiga (78%), seguida pela dor (71%), pela dificuldade em se motivar para fazer exercício (68%) e pela dificuldade em manter a disciplina da prática do exercício (65%). A presença de sintomas como dor, náusea e fadiga, foi significativamente associada à diminuição dos níveis de atividade física. Sabe-se também que a carga emocional do tratamento contribui para o declínio do tempo dedicado ao exercício e, também, para a incapacidade de regressar aos níveis de atividade do pré-diagnóstico.

O exercício físico tem um papel muito importante na gestão dos sintomas provocados pelos tratamentos, em particular na fadiga, mas também na redução do risco de recorrência e na qualidade de vida geral dos doentes oncológicos. Por exemplo, o impacto do exercício na fadiga tem sido extensivamente estudado. Para combater a fadiga, a recomendação passa por 30 minutos de exercícios aeróbicos 3 vezes por semana, juntamente com sessões de treino de força, 2 vezes por semana, com a inclusão de duas séries de 12 a 15 repetições. Os doentes devidamente orientados podem fazer exercícios aeróbicos e treino de força em casa com bons resultados, no entanto um programa de exercício físico supervisionado fortalece a motivação para a prática o que produz melhores resultados.

As recomendações de exercício físico para doentes oncológicos e sobreviventes foram atualizadas. As novas diretrizes dão as seguintes indicações:

  • 3 sessões de exercício por semana durante aproximadamente 30 minutos e treino de resistência duas vezes por semana
  • as novas diretrizes não só incentivam os doentes oncológicos a serem ativos, mas também incentivam os profissionais de saúde a personalizar as prescrições de exercício físico, para que os benefícios se traduzam na prática clínica
  • o exercício é importante na prevenção do cancro para todos os adultos, especificamente na redução do risco de 7 tipos: cólon, mama, endométrio, rim, bexiga, esófago e estômago
  • os sobreviventes de cancro da mama, cólon e próstata devem praticar exercício regularmente para aumentar a sobrevivência.
  • A prática de exercício físico durante o tratamento oncológico promove melhorias em 8 indicadores diferentes: fadiga, qualidade de vida relacionada ao estado de saúde oncológica, ansiedade, depressão, saúde óssea, linfedema, função física e sono.
Referências: Romero, S. A., Li, Q. S., & Mao, J. J. (2017). Factors and barriers associated with changes in physical activity after cancer diagnosis.; Schmitz, K. H., Campbell, A. M., Stuiver, M. M., Pinto, B. M., Schwartz, A. L., Morris, G. S., … & Matthews, C. E. (2019). Exercise is medicine in oncology: engaging clinicians to help patients move through cancer. CA: a cancer journal for clinicians, 69(6), 468-484.
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