Quantos de nós estão num trabalho de que não gostam? Quantos de nós se sujeitam a condições pouco dignas para realizar esse trabalho? Quantos de nós fazemos esse trabalho com prejuízo da própria saúde? Quantos de nós se sujeitam a qualquer trabalho para poder pagar as despesas.
Nos tempos modernos cada vez mais nos afastamos da nossa natureza; vivemos em permanente estresse, descuidamo-nos com o corpo e colocamos a nossa mente a contínuas exigências, que nos esgotam e enfraquecem. Vivemos para ter sucesso a todo o custo. Esquecendo-nos muitas vezes, dos nossos sentimentos e o dos outros, pondo em risco a nossa saúde, que é o maior de todos os bens que o ser humano pode ter.
Há milhares de anos, no Oriente, a medicina não curava doenças: ensinava a não as ter! Estar doente era, um sinal de inferioridade. Alguns milénios depois, perdeu-se este sentido profiláctico da “medicina”… Por outro lado, o próprio Hipócrates, pai da medicina ocidental, dizia que “não há doenças, há doentes“.
O progresso social justifica a dedicação humana à sobreprodução de bens que precisam de ser escoados dê por onde der. A produtividade impera e a mecanização de várias funções laborais não consegue diminuir a carga horária dos trabalhadores e muito menos para libertar o Homem.
A obsessão pelo trabalho instala-se nas pessoas, que lutam por melhores condições económicas com prejuízo da derradeira liberdade. A liberdade para fazerem o que bem entenderem com o seu tempo.
Como avaliarão as gerações vindouras a relação que mantemos com o trabalho nos anos que correm?
O esforço dedicado ao trabalho para satisfação do consumo excessivo, ultrapassa a procura de um significado real da experiência humana e é prejudicial ao verdadeiro desenvolvimento humano.
Sim…temos o direito à preguiça!
[fonte]Referências: Lafargue P. O Direito à Preguiça. Lisboa: Antígona; 2016./ Créditos da imagem David Aimone – “Lazy Day” [/fonte]