“A felicidade é uma escolha”. A afirmação é forte e aparentemente pretensiosa. Como considerar que ser feliz depende de uma escolha consciente e deliberada, quando a existência nos atropela tantas vezes com condicionalismos e limitações que não desejámos nem escolhemos? É necessário mergulharmos no que há de mais profundo em nós para percebermos que para lá de toda a dor que a vida naturalmente nos apresenta, existe, inequivocamente, a possibilidade de transcender essa dor e ser momentaneamente mas genuinamente feliz. Mesmo nas mais difíceis circunstâncias.
No seu livro “The top Five Regrets of the Dying“, Bronnie Ware conta a história de uma das suas pacientes que ao tomar consciência da aproximação do fim da sua vida e, portanto, da impossibilidade de vivenciar certas experiências chorou compulsivamente durante horas.
Brownie descreve que sentia que cada soluço vinha de um lugar cada vez mais profundo no interior daquela mulher mas sentiu que a honestidade daquela manifestação emocional era extraordinária. Por fim, a paciente de Brownie ficou em silêncio, na mais absoluta paz e pediu para que Brownie a auxiliasse a ir ao exterior. Aí, deteve-se a apreciar o canto dos pássaros e disse: “Sabe que, neste momento, cada dia é como um presente para mim? Na verdade, cada dia é e sempre foi um presente mas só agora consigo perceber, verdadeiramente, a enorme quantidade de beleza que cada dia nos oferece.”
Não ter escolhido ser feliz é o quinto e último maior arrependimento de quem está próximo da morte, segundo Bronnie Ware. Este talvez seja também o mais complexo na medida em que escolher ser feliz pressupõe, com frequência, a capacidade de tomarmos contacto com as nossas emoções mais profundas e sermos capazes de sermos absolutamente honestos connosco, assumindo e exprimindo, se necessário, frustrações, raivas, medos, fragilidades.
É como se nos dispuséssemos a atravessar o deserto mesmo sabendo que a jornada será árdua e, apesar do medo de nos perdermos. Não sendo apologista da necessidade do sofrimento para o despertar da nossa consciência, devo contudo confessar que é naqueles que mais se debateram com dificuldades que tenho encontrado as maiores provas de gratidão perante as grandiosas, embora aparentemente minúsculas, oportunidades que todos temos de sermos felizes. Tomando esses grandes exemplos, escolha ser feliz!
[fonte] Créditos da imagem: http://gallsource.com/cute-wallpaper/cute-baby-in-autumn-season-images.html [/fonte]