A tristeza apoderou-se dele de tal modo que parecia que se iria desintegrar e se espalharia pelo chão quebrado em mil pedaços. Uma força emergiu de dentro de si como a lava que explode de um vulcão e jorraram milhares de lágrimas. “Vá, não chores”, disseram.
Quem de nós não se sentiu assim, em algum momento da vida.
Por vezes, tudo parece correr mal e ficamos absolutamente sem saber o que fazer e o que dizer. Tudo parece estar perdido e só resta rendermo-nos mas fazemos tudo para conter as lágrimas que teimam em querer correr pelo nosso rosto. E os que nos rodeiam, provavelmente munidos das melhores intenções, encorajam-nos a não chorar.
Porém, quando choramos na presença de outrem estamos a ousar mostrar a nossa fragilidade e o nosso sofrimento forçando o outro a confrontar-se com aspectos da existência, de que não é possível fugir.
Os homens têm sido particularmente alvo desta injustiça cultural pois com frequência incorporam a noção de que ao chorar estão a mostrar-se vulneráveis e pouco dignos da sua masculinidade. Pois é tempo de fazer o elogio do poder alquímico das nossas lágrimas e reconhecermos a todos nós o direito a chorar sempre que sentimos essa pressão emocional.
Segundo Oren Hasson, um investigador da Universidade de Tel Aviv, “chorar é um comportamento humano altamente evoluído”. As lágrimas servem, por exemplo, para baixar as defesas, demonstrando submissão e enviando um pedido de ajuda em momentos estratégicos como por exemplo em campo de batalha quando a sobrevivência pode estar em causa no confronto com um inimigo. Em outros contextos, chorar serve para demonstrar afecto e necessidade de ligação emocional à família e aos amigos, o que favorece a coesão do grupo, explica Hasson. Obviamente, o contexto é muito relevante, pois existem situações em que poderá ser desfavorável mostrarmo-nos vulneráveis chorando, como por exemplo, no local de trabalho, esclarece este investigador.
As lágrimas têm também benefícios para a nossa saúde. De acordo com um estudo realizado no Minnesota, chorar pode ajudar a “limpar” do nosso organismo substâncias químicas habitualmente associadas ao stress, o que justifica porque nos sentimos, fisicamente, melhor depois de chorarmos. A remoção destas substâncias químicas do nosso corpo é benéfica pois regula os níveis de cortisol, uma hormona que em quantidades elevadas conduz a problemas de saúde habitualmente associados ao stress.
O acto de chorar, em determinadas circunstâncias, é fisiologicamente o equivalente a abrir as comportas de uma barragem que atingiu o nível máximo de água e precisa de aliviar essa pressão para evitar a ruptura. Nos seres humanos passa-se exactamente a mesma coisa e as consequências de contermos as nossas lágrimas, repetidamente, são inquestionavelmente mais graves do que ousar assumirmos para os outros e para nós que é humano e universal sentir tristeza ou angústia em algum momento da vida e expressá-lo, simplesmente chorando mesmo que o façamos sós ou na partilha com alguém em quem confiamos.
[fonte]Referencias: http://www.sciencedaily.com/releases/2009/08/090824141045.htm; http://www.netdoctor.co.uk/healthy-living/wellbeing/the-health-benefits-of-crying.htm [/fonte]
[fonte]Por indicação do autor, este texto não obedece ao novo acordo ortográfico.[/fonte]
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