Alguma vez abraçou uma árvore? Talvez lhe pareça estranho! Ou, talvez, nunca tenha pensado nisso… Pois experimente! Talvez seja mais provável que tenha uma sensação de familiaridade do que de estranheza.
As árvores são seres magníficos! São os únicos seres vivos que contrariam a gravidade crescendo em direção ao céu, apesar das sua fortes raízes, bem presas na terra. Elas são um grande símbolo do mundo natural e nós, os seres humanos, somos parte desse mundo, apesar de estarmos cada vez mais distantes dele.
O êxodo rural que levou centenas de pessoas a procurarem os centros urbanos para trabalhar e viver, afastou-nos do mundo natural e dos seus ritmos e, em certa medida, afastou-nos também um pouco de nós mesmos. Cada vez mais as nossa crianças passam a maior parte do seu tempo entre paredes de betão, rodeadas de tecnologia sem sentirem os cheiros, os ritmos e os sabores do seu verdadeiro mundo. Muitas crianças já não sabem identificar as plantas ou interagir com os animais e quando estão em contacto com a natureza reagem com surpresa, medo ou estranheza. A maior parte das experiências são virtuais. Nas grandes cidades é mais comum vermos uma criança a ver desenhos animados ou a jogar jogos que contenham elementos naturais do que efetivamente a brincar na natureza, explorando-a e aprendendo com ela. Este afastamento é, de certo modo, uma privação, pois o contacto com a natureza é uma fonte imensa de bem-estar e saúde. Quem teve, ou tem essa oportunidade sabe-o instintivamente. Talvez por isso, tenham vindo a aumentar os grupos de caminheiros, praticantes de desportos “radicais” praticados em meio natural, o turismo rural, as visitas a quintas pedagógicas e mais, recentemente, o êxodo de jovens famílias que retornam às aldeias e ao meio rural e a quem já chamam “novos rurais” ou “novos povoadores”. E mesmo nas cidades, proliferam as hortas urbanas em terrenos baldios e em varandas. Muitos justificam estas mudanças com a necessidade de nos tornarmos autosuficientes, em termos alimentares e económicos, com a necessidade de assegurarmos que comemos alimentos mais saudáveis. E isto são factos inegáveis mas para além destas razões talvez haja uma outra: o ímpeto para nos religarmos ao mundo natural, e deste modo para nos religarmos à nossa “verdadeira” natureza enquanto seres deste mundo.
Esta temática já suscitou, inclusivamente, alguns estudos científicos que procuram comprovar o impacto que o contacto com o mundo natural tem no nosso estado de saúde. No Japão, os investigadores da Universidade Nippon Medical School estudaram os efeitos dos óleos essenciais e aerossóis emitidos por plantas e árvores no corpo humano e concluíram que o contacto com a natureza reduz drasticamente os níveis de stress, ativando as células do sistema imunitário. Para além disto, é sabido que quando mais puro for o ar que respiramos mais puro e oxigenado será o sangue que circula no nosso corpo. Por isso, saia de casa e vá em busca do seu mundo e de si mesmo. Vá com a família caminhar em parques urbanos ou nas muitas matas que ainda temos disponíveis com uma fantástica biodiversidade. Sinta os magníficos cheiros das árvores, das flores, da terra molhada. Detenha-se a observar o microscópico mundo dos insetos ou a contemplar o voo das aves. Verá como regressa a casa revigorado e tranquilo. Afinal, o mundo é a nossa casa.
[fonte]Referências: Loureiro, Sofia (2012), Guia de Remédios Naturais para Crianças, Nascente; http://omeubemestar.com/2013/03/12/contacto-com-a-natureza-reduz-risco-de-cancro-e-stresse; http://terrasolta.org/2010/08/novos-rurais-portugueses; http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=521513&tm=8&layout=122&visual=61[/fonte]