“Certa vez um famoso bailarino improvisou alguns movimentos instintivos, porém, extremamente sofisticados graças ao seu virtuosismo e, por isso mesmo, lindíssimos. Essa linguagem corporal não era propriamente um ballet, mas, inegavelmente, havia sido inspirada na dança.(…) No início, o método não tinha nome. Era algo espontâneo, que vinha de dentro (…) Em algum momento na História essa arte ganhou o nome de integridade, integração, união: em sânscrito, Yoga! Seu fundador ingressou na mitologia com o nome de Shiva e com o título de Natarája, o Rei dos Bailarinos. Esses fatos ocorreram há mais de 5.000 anos a Noroeste da Índia, no vale do Indo, que era habitado pelo povo drávida.”
A partir deste excerto do livro “Faça Yoga, antes que você precise”, de DeRose, ficamos a conhecer a origem desta arte milenar que sobreviveu até aos nossos dias graças à célebre obra de Pátañjali, o Yoga Sutra, o qual é anterior ao nascimento de Cristo. Contudo, foi apenas no século XX que o Ocidente conheceu o Yoga, uma das maiores heranças da antiguidade.
Mas afinal o que é o Yoga?
Na sua forma original, arrisco-me a classificá-lo como uma arte, dada a beleza extraordinária de algumas das suas posturas ou ásanas. Contudo para os seus criadores o Yoga tinha uma finalidade bem mais complexa que permite classificá-lo mais como uma filosofia ou prática com vista ao desenvolvimento da espiritualidade dos seus praticantes, já que visava atingir o samádhi, um estado de hiperconsciência e autoconhecimento.
Para um praticante comum, no entanto, é perfeitamente possível praticar um dos 108 tipos de Yoga (que derivaram entretanto do Yoga antigo) sem intuitos filosóficos ou espirituais, pois até a forma mais simples de Yoga permite recolher inúmeros benefícios.
Para mim, que conheci o Yoga há já 14 anos esta prática tornou-se vital. O Yoga é surpreendentemente completo pois permite o equilíbrio entre as nossas várias facetas, nomeadamente, corpo e mente. Assim, permite relaxar e controlar a ansiedade, melhorar a concentração, trabalhar músculos e articulações, controlar o peso, melhorar a respiração, entre outros benefícios infindáveis.
A prática mais completa de Yoga é composta por oito partes ou Angas, nomeadamente:
- Mudrá, que são gestos reflexológicos feitos com as mãos;
- Pújá, que é uma retribuição de energia ou sintonização com o arquétipo;
- Mantra, que são vocalizações de sons e ultra-sons;
- Pránáyáma, que são exercícios respiratórios;
- Kriyá, que é a atividade de purificação das mucosas;
- Ásana, que consiste na técnica corporal, ou seja, são posturas corporais;
- Yôganidrá, que são técnicas de relaxamento;
- Samyama que são técnicas de concentração e meditação.
No entanto, para beneficiar dos efeitos do Yoga, arrisco dizer que é possível restringir a prática ás posturas corporais e ás técnicas de respiração e relaxamento. Uma coisa é certa, assim que experimentar esta prática pela primeira vez, rapidamente irá concluir que o Yoga é tudo menos um grupo de pessoas que se sentam apenas a respirar e a emitir estranhos sons, como vulgarmente se diz, de forma caricatural. Talvez venha, pelo contrário, a concluir que esta arte milenar se trata de uma poderosíssima ajuda para mais facilmente conduzir a sua vida, fazendo face ás exigências do quotidiano.
A minha sugestão, claro está, é que comece com simplicidade. Escolha uma escola ou um instrutor que o ensine e acompanhe numa prática menos complexa, ou seja, que não tome como obrigatórias todas as partes que descrevi, ou se preferir conheça várias escolas e métodos e escolha o que considerar que se adapta melhor a si e ás suas pretensões. De uma maneira ou de outra, não perca a oportunidade de, pelo menos, conhecer esta prática que sobreviveu até aos nossos dias por representar um saber de inegável valor e citando DeRose: “Faça Yõga, antes que você precise.”
[fonte]Fontes de Informação: DeRose, Mestre (2002), Faça Yôga, antes que você precise, Edições Afrontamento.[/fonte]