Vamos falar de composição corporal no cancro da mama
É muito importante falar de composição corporal no cancro da mama. Na realidade é importante falar de composição corporal em qualquer tipo de cancro, mas hoje debruço-me sobre o cancro da mama.
O cancro da mama é o tipo de cancro com maior número de novos casos no Mundo, a quinta causa de morte por cancro em ambos os sexos e a primeira entre mulheres.
A composição corporal está logo presente antes do diagnóstico, já que o excesso de gordura corporal, assim como o ganho de peso durante a idade adulta, são fatores de risco para este tipo de cancro, após a menopausa. Estima-se que um índice de massa corporal entre 25 a 29,9 kg/m2 aumente em cerca de 12% o risco de desenvolver cancro da mama e que um índice de massa corporal acima de 30 kg/m2 aumente o risco em cerca de 16%. Antes da menopausa, a obesidade parece não ter influência no risco.
A composição corporal continua a ser importante após o diagnóstico, já que a obesidade é fator prognóstico para piores desfechos, aumentando ainda o risco para o desenvolvimento de tumores de grau 3.
Os tratamentos para o cancro da mama também influenciam a composição corporal, favorecendo o ganho de massa gorda e a redução de massa muscular. Entre 30% a 50% das mulheres ganham mais de 5% do peso corporal, podendo esta variação acontecer durante ou após a conclusão da quimioterapia. Em média são ganhos entre 2 a 3 kg no primeiro ano, após o diagnóstico e o peso ganho parece manter-se aos 3 e aos 6 anos após o diagnóstico. Tendencialmente são as mulheres pré-menopausicas, que cessaram o tabagismo após o diagnóstico, que são normoponderais a quando do diagnóstico ou mulheres com menopausa induzida pela quimioterapia, quem ganha mais peso.
Por todos estes motivos, o acompanhamento nutricional e o exercício físico devem fazer parte dos cuidados de saúde prestados a todos os doentes com cancro da mama.
A Sociedade Europeia para a Nutrição Clínica e Metabolismo, recomenda que a terapia nutricional se inicie precocemente, recomendando também a prática de exercício aeróbico e de resistência, durante o tratamento e após a sua conclusão. É importante lembrar que a prática de exercício durante os tratamentos é segura e geralmente bem tolerada, tendo benefícios que se estendem para além da melhoria da composição corporal.