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Chemobrain ou declínio cognitivo associado à quimioterapia: o que é?

Chemobrain do inglês ou declínio cognitivo são os termos mais usados para identificar os efeitos adversos da quimioterapia no sistema nervoso central.

A quimioterapia salva vidas e constitui, na maioria dos casos, o tratamento indispensável nas doenças oncológicas. Mas, os tratamentos de quimioterapia convencionais e até as terapias mais recentes como a imunoterapia, estão associados a efeitos secundários, por vezes graves, outros duradouros ou irreversíveis. Entre os efeitos mais comuns destacam-se as náuseas, a fadiga, a perda de apetite e perda de cabelo ou alopecia, a neutropenia e a neurotoxicidade. A neurotoxicidade pode ter múltiplas manifestações, tais como encefalopatia aguda ou crónica, episódios semelhantes ao acidente vascular cerebral, síndrome cerebeloso, mielopatia transversa e neuropatia.

Depois dos anos 90 passou a ser considerado outro efeito neurotóxico associado à quimioterapia que afeta as funções cognitivas dos doentes sujeitos a este tipo de tratamento.

As funções cognitivas correspondem à linguagem, memória, orientação, atenção e concentração e de como, de modo integrado, o cérebro funciona para que possamos comunicar, pensar, aprender, resolver problemas e lembrar.

A queda das funções cognitivas e as alterações observadas, também designadas por chemobrain ou chemofog, são relativamente comuns em doentes tratados com agentes antineoplásicos usados nos tumores sólidos, sobretudo no cancro da mama, cancro do pulmão, cancro da próstata e cancro do ovário.

Assim, o declínio cognitivo associado à quimioterapia é caraterizado por uma constelação de sintomas ou alterações cognitivas: lapsos de memória, dificuldade de concentração, problemas de multitarefa e de raciocínio e processamento mais lentos durante a conclusão de tarefas. Os doentes podem ainda esquecer coisas de que nunca tiveram problemas para lembrar, ter dificuldade em encontrar palavras para completar uma frase e não conseguir lembrar nomes ou datas. O início das alterações cognitivas, quanto tempo duram e a intensidade das mesmas podem ser diferentes de pessoa para pessoa.

Para muitos doentes, estas alterações podem instalar-se rapidamente e durar apenas um curto período de tempo. Para outros, podem ser irreversíveis e suficientemente intensas para afetar a sua vida quotidiana e interferir com a qualidade de vida. Por isso é importante que o doente informe e peça ajuda ao médico e à equipa médica se notar alterações que dificultem as atividades habituais no contexto profissional e social.

[fonte]Referências: Nguyen, L. D., & Ehrlich, B. E. (2020). Cellular mechanisms and treatments for chemobrain: Insight from aging and neurodegenerative diseases. EMBO Molecular Medicine, e12075.; Costa, A. S. M. (2012). Efeitos Cognitivos da quimioterapia.; Créditos da imagem: https://www.scientificamerican.com/article/what-is-chemo-brain/[/fonte]

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