A dieta mediterrânea é um padrão alimentar considerado património imaterial da humanidade. É um padrão alimentar característico dos países do Mediterrâneo e inclui o consumo de boas quantidades de azeite, leguminosas, cereais integrais, frutas e vegetais, o consumo moderado de vinho, peixe, laticínios, aves, carne e seus produtos e o baixo consumo de alimentos altamente processados, grãos refinados e açúcares simples. A dieta mediterrânica tem sido associada a vários benefícios para a saúde, entre os quais a prevenção de doenças crónicas, como doenças cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica, diabetes tipo 2, doenças autoimunes e cancro.
Um estudo publicado em 2015 mostrou que a adesão à dieta mediterrânica, suplementada com azeite extra-virgem, teve um efeito positivo na prevenção primária do cancro da mama. Outros estudos corroboraram os benefícios da dieta mediterrânica na redução do risco de cancro da mama e na sua recorrência. Este padrão alimentar demonstrou ter um efeito positivo na redução da inflamação, do stresse oxidativo e do dano do DNA, mecanismos que contribuem para o surgimento desta doença.
Após o diagnóstico de cancro da mama, uma dieta saudável afeta a sobrevivência, e por isso as diretrizes para sobreviventes de cancro da mama sugerem que seja adotado um padrão alimentar rico em vegetais, frutas, grãos integrais, legumes, baixo teor de gorduras saturadas e consumo limitado de álcool, que vai de encontro às características da dieta mediterrânica.
Os portugueses conhecem a dieta mediterrânica?
Apesar dos benefícios da dieta mediterrânica, o último inquérito nacional revelou que a população portuguesa se tem afastado deste padrão alimentar, já que 84,3% dos portugueses adultos não tem uma boa adesão à dieta mediterrânica. Em 2020, a Direção Geral da Saúde publicou os resultados de um estudo que teve como objetivo avaliar o conhecimento e a adesão da população portuguesa à dieta mediterrânica. Este estudo mostrou que 50% dos inquiridos conhecem a dieta mediterrânica, reconhecendo que inclui a confeção de alimentos com azeite em alternativa a outras fontes de gordura, o consumo elevado de fruta e hortícolas frescos e maior consumo de peixe do que de carne.
Os inquiridos referem que o consumo de leguminosas superior a três vezes por semana, o consumo de hortícolas superior a duas porções por dia, o consumo de fruta superior a três porções por dia e o consumo de frutos secos oleaginosos superior a três porções por semana, são os hábitos mais difíceis de implementar.
Considerando que a dieta mediterrânica é um padrão alimentar característico português, é interessante constatar que 26% dos participantes neste estudo, apesar de não conhecerem este padrão alimentar, seguem-no.
Tendo em conta o peso histórico deste padrão alimentar, assim como todos os seus benefícios para a saúde, é essencial que nos reaproximemos da dieta mediterrânica.
[fonte]Referências: Toledo E., Salas-Salvado J., Donat-Vargas C., et al. Mediterranean diet and invasive breast cancer risk among women at high cardiovascular risk in the PREDIMED trial: A randomized clinical trial. JAMA Intern. Med. 2015;175:1752–1760. Shaikh A, Braakhuis A, Bishop K. The Mediterranean Diet and Breast Cancer: A Personalized Approach. Healthcare 2019, 7,104. Jochems SHJ, Van Osch FHM, Bryan RT, et al. Impact of dietary patterns and the main food groups on mortality and recurrence in cancer survivors: a systematic review of current epidemiological literature. BMJ Open. 2018 Feb 19;8(2):e014530. Nutr Rev. 2016 Dec;74(12):737-748. Schwedhelm C, Boeing H, Hoffmann G, Aleksandrova K, Schwingshackl L. Effect of diet on mortality and cancer recurrence among cancer survivors: a systematic review and meta-analysis of cohort studies. Gregório MJ, Sousa SM, Chkoniya V, Graça P. Estudo de adesão ao padrão alimentar mediterrânico. DGS. Outubro 2020. Lopes C, Torres D, Oliveira A, et al. Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, IAN-AF 2015-2016: Relatório de resultados. Universidade do Porto, 2017. Crédito das imagens: DanaTentis por Pixabay [/fonte]