A associação Compassio é uma organização composta por pessoas que pretendem tornar as cidades “mais compassivas para todos”. Como tenta fazê-lo?
A Compassio
No sofrimento e na dor há uma coisa mais forte do que todas as respostas e explicações: a presença.
– Cicely Saunders
A associação Compassio foi criada em 2019 com a missão de colocar a compaixão no centro das relações humanas e das comunidades, com foco nas pessoas em situação de fragilidade relacionada com a doença e/ou isolamento social, promovendo a ética do cuidar como um compromisso fundamental da sociedade.
O seu nome proveniente do latim com- (juntos) + pati (sofrer), remete para o propósito de precisamente tornar as pessoas conscientes do sofrimento de outras e mobilizá-las para aliviá-lo. O projeto Porto Compassivo procura sensibilizar e capacitar a comunidade em geral para a doença, os cuidados e os momentos desafiantes da vida, como a morte, através de diversas iniciativas, tais como:
- O mural “ANTES DE MORRER, EU QUERO…”
- Workshops sobre temas como “Compaixão através da Música”, “5 arrependimentos antes de morrer” e “O luto é a coisa com penas”
- O projeto Vizinhos Compassivos, que se dedica a construir redes comunitárias colaborativas de cuidado compassivo para pessoas com doenças avançadas e com redes sociais enfraquecidas
- O Grupo CASA , um grupo comunitário dedicado à partilha entre pessoas em processo de luto e vivência de doença
- O Death café, uma tertúlia sobre a morte à volta de uma mesa com bolo e café
Na sua atuação, a Compassio encontra-se ligada ao Projeto Portugal Compassivo, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, que arrancou em 2020 com o objetivo de formar várias cidades nacionais, nas quais os cidadãos e as instituições estão mais atentos e sensíveis ao outro. Além da Compassio, atualmente fazem parte deste movimento a Cooperativa LInQUE – Cuidados Paliativos em casa na Amadora, e a Associação Borba Contigo Cidade Compassiva. Todas estas associações procuram desenvolver as respetivas cidades a que pertencem compassivas em Portugal.
Cidades compassivas
A maioria dos cuidados de saúde prestados no envelhecimento patológico e em doenças ameaçadoras de vida ocorrem em ambulatório. Consequentemente, grande parte da vivência destas doenças por parte dos pacientes e dos seus cuidadores ocorre no seio da comunidade. As cidades compassivas pretendem manter dentro do possível o bem-estar na doença e na morte e reduzir o impacto negativo causado direta ou indiretamente na qualidade de vida de idosos, em pacientes no contexto paliativo e em fim-de-vida e daqueles que os rodeiam. Ao mesmo tempo, procuram que as pessoas tenham conhecimento sobre a manutenção da sua saúde e possibilidades de promover a mesma.
Estes resultados só podem ser alcançados através da parceria entre serviços de saúde, cidadãos, políticas e educação.
Adicionalmente, atuação de uma cidade compassiva não passa somente pelo apoio psicossocial ou o trabalho voluntário junto das pessoas a viver momentos desafiantes de vida. Uma cidade compassiva procura garantir segurança para todos os seus cidadãos a nível financeiro, social, de espaços físicos, satisfação no trabalho, acesso à informação, possibilidades de realização social e espiritual.
O movimento de criação de cidades compassivas está a espalhar-se por todo o mundo, pelo reconhecimento de que a saúde, o envelhecimento, a morte e o luto são experiências universais da responsabilidade de todos nós.