As redes sociais são um poço infinito de informação, que está 24 sob 24 horas disponível para consumo. Nos momentos em que a nossa saúde está em causa, a sede de beber pode intensificar-se e muitos de nós procuramos este poço digital para saciá-la. A questão que se coloca é que nem toda a informação que obtemos é pura. Umas vezes por ingenuidade, má compreensão, outras por perversão deparamo-nos com desinformação nas nossas pesquisas. Importa gerir recomendações da área da saúde com cautela.
As redes sociais enquanto fonte de (des)informação em saúde
A praticidade do uso da internet para percebermos o que se passa com o nosso corpo é inegável. De acordo com o Eurostat 55% dos cidadãos europeus entre 16 e os 74 anos procuram informação sobre saúde online relacionada com lesões, doenças e nutrição, entre outros temas. No entanto, antes de chegarmos aos factos, podemos deparar-nos com desinformação baseada em mitos, equívocos, má compreensão de estudos científicos ou má vontade.
As redes sociais são frequentemente um local de obtenção de suporte e partilha de experiências e esclarecimentos sobre saúde e doença. Dentro delas criam-se comunidades focadas em objetivos de saúde e diagnósticos de doença específicos, como o cancro, a demência ou o acidente vascular cerebral. Infelizmente, nem todas as partilhas consistem em orientações positivas. Um estudo de 2018 que analisou a qualidade de 171 publicações com informações e recomendações sobre o cancro em páginas do Facebook concluiu que 33% da informação partilhada era falsa ou não tinha evidência científica suficiente.
Algumas pessoas doentes e os cuidadores informais parecem estar conscientes da existência de um elevado fluxo de desinformação sobre o cancro e o seu tratamento nas redes sociais. No sentido de compreender como os cuidadores informais lidam com ela, Warner e colaboradores realizaram várias entrevistas. Segundo os participantes deste estudo, frequentemente estes encontram ou recebem via mensagens publicações falaciosas em vários formatos, entre as quais, imagens, vídeos e textos, sobre temáticas como:
- Curas milagrosas para o cancro
- Recomendações nutricionais desajustadas
- Teorias da conspiração, nas quais o cancro é uma doença controlada pelas farmacêuticas com o conluio da comunidade médica
Combate à desinformação em saúde
As empresas que detêm as redes sociais têm mostrado iniciativa com a criação de políticas e ações para diminuir a circulação de desinformação (por exemplo, Facebook, Youtube e Instagram). Contudo, a dimensão da comunidade de utilizadores das redes sociais dificulta o trabalho de revisão por parte dos colaboradores das empresas e mesmo da inteligência artificial. Consequentemente, cabe também a cada um de nós combater a desinformação na saúde. Para fazê-lo podemos:
- Ler sempre a informação com uma postura crítica (não assumir logo que se trata da verdade)
- Avaliar a credibilidade das fontes de informação, apostando em publicações de instituições de renome
- Verificar a unanimidade da informação em várias fontes
- Validar a informação com os profissionais de saúde que correspondem à temática em questão
- Assegurar a veracidade da informação antes de partilhá-la
- Denunciar publicações, cujo conteúdo é enganoso