Como interpretar e prevenir lesões na aula de yoga

Uma das funções do professor de yoga é criar uma aula dirigida às especificidades do corpo de cada aluno.

Também é da responsabilidade do professor saber criar uma aula coletiva que possa responder a todas as caraterísticas físicas dos alunos. É uma tarefa complicada, salvaguardada pela enorme variedade de posturas alternativas que o yoga oferece.

Por outro lado, o aluno deve informar ou responder de forma bem explicita sobre as particularidades que a sua condição física e mental têm para oferecer. Portanto, a responsabilidade de não criar desconforto físico ou lesões passa pela atitude do aluno.

Na aula de yoga, o aluno deve começar por aprender a saber escutar o corpo, respeitar as orientações que lhe são dadas, manter-se focado na capacidade de mobilidade do corpo, saber estar atento às explicações dadas pelo professor, durante a execução da postura. São os princípios básicos para prevenir lesões na aula de yoga.

É comum durante uma aula coletiva, o professor verbalizar correções a serem executadas, que embora sejam ditas para a classe em geral, se dirigem apenas a uma ou duas pessoas. Essas pessoas devem estar atentas de modo a perceberem que essa explicação lhes é dirigida. Também é da responsabilidade do aluno, manter o professor devidamente atualizado em relação a alterações no estado de saúde ou de alguma limitação física pontual.

Durante a aula de yoga, as zonas mais comuns a sofrerem desconforto postural ou lesões, são zonas com maior volume de articulação: ombros, pulsos, joelhos e tornozelos. A coluna também pode apresentar vulnerabilidades, sobretudo a zona lombar por causa das flexões posteriores e anteriores. O mesmo também pode ocorrer na zona cervical, sacroilíaca e isquiotibiais. Muitas vezes estas lesões podem surgir durante a aula de yoga, mas na grande maioria das vezes, o seu aparecimento deve-se não ao facto de uma má execução da postura, mas sim, ao facto de a lesão já existir anteriormente.

O corpo aprende a defender-se da dor, construindo posturas de defesa que implicam várias alterações e assimetrias no corpo do aluno. Quando na aula de yoga se começa a corrigir essas assimetrias, a dor ou o desconforto físico podem revelar-se. Também é certo que muitos desses sintomas desaparecem com a continuação da prática de yoga, desde que sempre realizadas de forma consciente e com a ajuda de um professor devidamente certificado para o efeito.

Um exemplo comum é: os alunos aparecerem nas aulas com os ombros rodados para a frente, uma situação comum de quem está sentado muito tempo em frente a um computador, e com a cifose da dorsal muito pronunciada. Este excesso de curvatura da zona dorsal provoca uma compensação a nível da zona lombar, provocando uma híper lordose. O corpo aprendeu a defender-se, procurando compensações para as curvas da coluna, para se manter na posição ereta. Quando através da prática de yoga, se começa a corrigir estas más posições, o corpo tende a “reclamar”. Assim, deve haver uma atitude consciente da parte do professor e do aluno, para entender e gerir a dor com o objetivo da melhoria física.

A dor que se sente durante a prática de uma aula de yoga, não pode ser forte, tem de ser uma dor que se possa interiorizar e gerir e com a ajuda de uma respiração consciente, profunda e calma, a dor deverá desaparecer enquanto se mantém a postura. Se a dor persistir ou aumentar, o aluno deve verbalizar imediatamente esse desconforto ao professor que através da sugestão de uma postura alternativa, irá oferecer de novo, conforto ao corpo, à respiração e à mente.

Alexandra Pereira, professora de yoga através da AIPYS-Asociación Internacional de Profesores de Yoga Sananda, Espanha 2000. Licenciada em Filosofia (FLUP 1988). Mestrado em Filosofia: “A filosofia do yoga: da prática a uma filosofia de vida” ( FLUP 2019) Exerce a sua actividade profissional de professora de yoga em Vidya-Academia de Yoga do Porto (Desde 2001). Dirigiu e ministrou cursos de Formação: "Curso de Professores de Yoga" (desde 2010 a 2016) e "Curso de Monitor de Yoga para técnico de SPA" (2013). Os seus atuais interesses de investigação, relacionam-se com as doenças autoimunes e cancro, e no contributo que a prática de yoga oferece para melhorar a condição física, mental e psicológica do praticante. Curso de especialização ("Yoga for Cancer Survivors" 2013). Alexandra Pereira, yoga teacher through the AIPYS-Asociación Internacional de Profesores de Yoga Sananda, Spain 2000. Specialization course ("Yoga for Cancer Survivors" 2013). Licenciate in Philosophy (FLUP 1988). Master Philosophy: “The Philosophy of Yoga: From Practice to a Philosophy of Life” (FLUP 2019) Professional activity: yoga teacher at Vidya-Academia de Yoga do Porto (since 2001). Direted and teached training Courses: "Yoga Teacher Course" (from 2010 to 2016) and "Yoga Monitor Course for SPA Technician" (2013). My current research, is relate to autoimmune diseases and cancer, and the contribution that the practice of yoga offers to improve physical, mental and psychological well-being in student.