A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade a epidemia global do século XXI. Esta doença está comprovadamente associada ao aumento da probabilidade de sofrermos de diversos tipos de patologias, nomeadamente, problemas cardiovasculares, cancro, entre muitos outros.
Esta é uma realidade inegável e confirmada pela OMS. Esta patologia está diretamente relacionada com hábitos alimentares pouco saudáveis e ausência de atividade física. Ora, sendo a adoção de hábitos alimentares saudáveis e de atividade física, dependentes da decisão e da alteração de comportamentos das pessoas, por que motivo esta doença tem vindo a aumentar consideravelmente? Como poderemos abordar este problema na sua complexidade?
De acordo com Filipa Pimenta, Isabel Leal e João Maroco, no seu artigo intitulado: “Obesidade: Fatores de Pertinência na Intervenção para a Perda de Peso”, a solução terá que passar por uma abordagem multifatorial e multidisciplinar do problema.
Nesta perspetiva torna-se crucial envolvimento dos decisores políticos, da sociedade civil, das organizações privadas e dos meios de comunicação social, pois é fundamental:
– criar condições promotoras e facilitadoras da atividade física nas zonas residenciais, nas escolas e nos locais de trabalho;
– criar legislação que limite a publicidade de bens alimentares prejudiciais à saúde e, pelo contrário promova a promoção de bens alimentares saudáveis, particularmente, na publicidade dirigida às crianças;
– promover hábitos nutricionais saudáveis e hábitos de exercício físico em todos os contextos e para todas as pessoas, independentemente da sua idade ou nível socioeconómico;
– promover a produção agrícola e animal sustentável e não contaminada;
– promover o bem-estar emocional, a autoestima e o autoconhecimento, atendendo a que (de acordo com os autores mencionados, citando O’Donoghue & Rabin, 1999; Laibson, 1997) é muitas vezes nas pessoas com “tendência para a gratificação imediata, veiculada pelo prazer de comer, em prejuízo da valorização de benefícios a médio-longo prazo (e.g. fruição de um bom estado de saúde), assim como uma pobre perceção de autocontrolo e compromisso” que ocorre uma elevada prevalência de obesidade.
Segundo os mesmos autores “apenas a observação dos comportamentos de risco (para a obesidade) à luz de um modelo que incorpore fatores psicofisiológicos, ambientais, sociais, desenvolvimentais, emocionais e cognitivos, num trabalho colaborativo entre profissionais das diferentes áreas, poderá permitir a compreensão desta problemática e a estruturação de intervenções objetivamente eficazes.”
Apesar da importância de envolvermos todos estes protagonistas e de considerarmos todos estes fatores, a motivação de cada um de nós é preponderante no sentido da mudança de comportamentos. Logo, se procura perder peso, adotar hábitos alimentares mais saudáveis, abandonar hábitos nefastos como o tabagismo e aumentar a sua atividade física, nada o impede de começar hoje, embora a ajuda profissional ao nível nutricional, médico, psicológico, entre outros contribua, com certeza para que a mudança seja mais profunda e duradoura.
[fonte]Referências: Pimenta, Filipa; Leal, Isabel & Maroco, João (2012). “Obesidade: Fatores de Pertinência na Intervenção para a Perda de Peso”, in: Leal, Isabel; Pimenta, Filipa&Marques, Marta (2012). Intervenção em Psicologia Clínica e da Saúde: Modelos e Práticas. Placebo Editora; Silva, I., Pais-Ribeiro, J. L., & Cardoso, H. (2008). Porque comemos o que comemos: Determinantes psicossociais da selecção alimentar. Psicologia, saúde & doenças, 9(2), 189-208.; http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/ministeriosaude/obesidade/causaseconsequenciasdaobesidade.htm Fonte da imagem: http://cancerdeprostatatemcura.com/relatorio-liga-obesidade-a-cancer-de-prostata-avancado/ [/fonte]