No dia 13 de novembro faleceu o poeta brasileiro Manoel de Barros com 97 anos. O facto de um amigo se ter referido ao poeta como tendo tido uma vida feita de amor às pequenas coisas insignificantes deixou-me a pensar naquela que me parece uma das qualidades mais nobres daqueles que sabem viver com grandeza: a simplicidade.
Ter uma vida plena e longa como a de Manoel de Barros é uma grande bênção mas é uma bênção maior ainda, para todos nós, termos ficado com uma obra que nos recorda de como a poesia, bem como outras artes são importantes para a nossa saúde existencial, pois embelezam os nossos dias e conferem à nossa vida um colorido que nos eleva, nos inspira e nos faz sentir gratos por cada dia em que vemos o sol nascer.
Mas Manoel de Barros eleva-nos, paradoxalmente, recordando o valor das coisas simples, daquelas que tendemos a não ver ou a considerar como menores. Por isso mesmo vos deixo, simplesmente, o seu “Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo”:
A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
[fonte] Fonte da imagem: http://www.dw.de/aos-97-anos-morre-o-poeta-manoel-de-barros/a-18061206 [/fonte]