Alimentação e bactérias intestinais
No texto publicado em Agosto, abordámos a relação entre o tipo de parto (vaginal ou cesariana) e o risco para obesidade infantil, pela alteração da flora intestinal bacteriana. Este texto pretende elucidar acerca da relação entre a alimentação, a microbiota e a obesidade.
As bactérias intestinais Firmicutes foram encontradas em maior número em pessoas obesas e em crianças nascidas por parto por cesariana, em detrimento de bactérias Bacteroides, confirmam estudos recentes.
Sabe-se que a ingestão alimentar a longo prazo, influencia a estrutura e actividade dos trilhões de microorganismos que residem no intestino humano, mas não estava ainda claro quão rápida e reprodutível o microbioma intestinal humano responde, à mudança de macronutrientes a curto prazo.
A equipa de investigação da Universidade de Harvard liderada por Lawrence David, pesquisou de que forma o tipo de dieta pode alterar a composição da flora intestinal e descobriu que a alteração do padrão alimentar, pode alterar rapidamente a ecologia bacteriana no intestino.
Neste estudo, os autores demonstram que, o consumo de dietas de curto prazo compostas inteiramente de produtos de origem animal ou vegetal altera a estrutura da comunidade microbiana e supera as diferenças inter-individuais na expressão genética microbiana. A dieta de origem animal aumentou a abundância de microrganismos tolerantes à bílis (Alistipes, Bilophila e Bacteroides) e diminuição dos níveis de Firmicutes que metabolizam os polissacáridos, presentes nas fontes alimentares vegetais.
A actividade microbiana é o reflexo das diferenças entre mamíferos herbívoros e carnívoros, de acordo com a fermentação diferente entre hidratos de carbono e proteínas. Também o aumento na abundância e na actividade do tipo Bilophila wadsworthia, em indivíduos cuja base da dieta é animal, suporta a ligação entre gordura da dieta, ácidos biliares e o desenvolvimento de microorganismos capazes de desencadear doença inflamatória do intestino como a colite.
Estes resultados mostram, que a microbiota intestinal pode responder a uma alteração da dieta, facilitando a adaptação humana à diversidade alimentar e estilos de vida.
Fonte de imagem: http://www.actigenomics.com/2012/09/microbiota/