Proteger-se em casa

Alguns tratamentos oncológicos implicam internamento por um determinado período de tempo, quer se deva ao procedimento em si (cirurgias, tratamentos de quimioterapia prolongados), à distância do hospital relativamente à residência ou à necessidade de uma vigilância mais apertada do doente e dos efeitos secundários dos tratamentos. Neste caso terá sempre uma equipa a fazer tudo o que for possível para o manter hidratado, com uma dieta adequada, proteger do frio e das infecções. E quando tem alta? Como se proteger durante o período que está em casa?

Os tratamentos oncológicos podem alterar várias funções do nosso organismo, entre elas a função imunitária. É comum, no final dos tratamentos ou durante o intervalo de tempo que medeia os ciclos dos tratamentos, haver um deficit de glóbulos brancos, em especial de neutrófilos (neutropenia). Os neutrófilos são as primeiras células a atuar no processo de defesa do nosso organismo. Caso não existam ou sejam num número inadequado, qualquer microorganismo, por mais simples que seja, pode ser preocupante. Por forma a se proteger, algumas das suas tarefas e rotinas diárias podem ser ajustadas, como mencionarei de seguida.

Integridade da pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, sendo a primeira barreira na protecção contra microorganismos. Qualquer lesão na pele coloca em risco esta função. Desta forma deve manter a pele limpa (banho diário usando produtos não agressivos para a sua pele, secando-se sem fazer movimentos bruscos ou muita fricção) e hidratada (bebendo água, aplicando creme hidratante). Evite usar escovas de dentes com filamentos duros, bem como não exercer muita pressão na escova. As lâminas de barbear aumentam o risco de cortes na pele dê, por isso, preferência às máquinas de barbear eléctricas.

Atividades diárias

É do senso comum que zonas de multidões são locais onde mais facilmente se transmitem infecções. O simples ato de tossir, um reflexo altamente importante quando nos engasgamos, é também um transmissor de microorganismos, como é o caso do vírus da gripe. Assim, a principal recomendação será evitar locais húmidos e mal ventilados, todos os locais públicos, bem como locais com muita gente. Peça e explique aos seus familiares e amigos que não o devem visitar de tiveram febre ou com tosse. Tendo em conta as atuais condições climatéricas, use roupa e calçado adequados, sem esquecer as mãos e a cabeça. Use luvas para as tarefas de rotina, seja lavar a loiça, limpar o pó, trocar fraldas ou fazer jardinagem. Contudo, principalmente lembre-se disto: as mãos são a principal fonte de transmissão de microorganismos! Lave-as frequentemente!

Alimentação e fármacos

Provavelmente terá ouvido ou lido notícias sobre a vacinação para a gripe e a sua importância. Apesar de os doentes oncológicos serem um grupo alvo por terem uma função imunitária mais debilitada, não faça nenhuma vacinação sem antes abordar o assunto com o seu médico oncologista! Poderá ter de esperar mais alguns dias ou, em último caso, ter mesmo de adiar! Relativamente à alimentação, a recomendação básica é a mesma de sempre: uma alimentação adequada e equilibrada! Contudo, deve evitar alimentos mal cozinhados e deve lavar bem todos os legumes e frutas! No Stop Cancer Portugal existem já vários artigos relacionados com alimentos com benefícios para a imunidade, por isso dedique alguns momentos a explorar o site e descubra como pequenas adições à sua dieta podem-lhe trazer vantagens.

Miguel Oliveira, natural de Braga, licenciado em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem de Calouste Gulbenkian – Universidade do Minho (2007), com passagem por Itália na área oncológica ao abrigo do programa de intercâmbio Europeu ERASMUS. Formador com CAP (2008), Pós-Graduado em Neuropsicologia de Intervenção pelo CRIAP/Associação Portuguesa de Neuropsicologia (2010). Colaborou no IEFP como formador. Iniciou a atividade de enfermagem em 2008 num hospital oncológico em Portugal, atualmente exerce a profissão no Reino Unido. Colaborou em vários projetos relacionados com a prevenção primária e apoio a doentes com cancro colo-rectal e seus familiares (Europacolon Portugal). Membro ativo na Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa, atualmente colaborador no Workgroup Dor. Por indicação do autor, os seus textos não obedecem ao novo acordo ortográfico.     Miguel Oliveira, born in Braga, Portugal, completed the Nursing License Degree at Calouste Gulbenkian Superior Nursing School, University of Minho (2007), with oncology experience in Italy under the European student exchange program ERASMUS. Former certified by IEFP (2008), completed the Post-Graduate Degree in Neuropsychology Intervention at CRIAP/ Portuguese Society of Neuropsychology (2010). Collaborated with IEFP as a former. Started as a Nurse Staff in 2008 in a cancer hospital in Portugal, at the moment is a Registered Nurse working in the UK. Collaborated in several projects dedicated to cancer primary prevention and support to colorectal cancer patients and its family (Europacolon Portugal). Active member of the Portuguese Association of Oncology Nursing, at the moment collaborates with the Pain Workgroup.