Invariavelmente de há uns anos para cá, nas férias e em família, rumo até à Feira Medieval de Silves, para um bom fim de dia.
Este tipo de eventos parece estar na moda, de tal forma que já acontecem pelo País inteiro. Onde houver um castelo ou um mosteiro medieval há uma festa. Tenta -se fazer uma recriação histórica do período medieval da região para proporcionar uma visão dos costumes da época, da história dos reis e rainhas e heróis, até à reconstituição, em mini-réplicas, das invasões pelos diferentes povos. São várias as experiências.
A minha última experiência teve a ver com as invasões árabes, pois rendi-me a um fruto que veio do deserto.
Foi lá que experimentei, pela primeira vez, o fruto da tamareira e nas mais diversas apresentações: frescas ou secas (passas da tâmara), de tamanhos diversos, prensadas em bolo com amêndoas, etc. Depois do teste, procuro comprá-las sempre que posso.
As tâmaras a que me refiro, na verdade, são diferentes das que encontramos nas superfícies comerciais: são maiores, medem cerca de 5 centímetros e pesam 20 gramas; muito suaves, com um travo quente e doce, resultam apenas do seu tempo de exposição ao sol.
Como pode no meio do deserto, nascer e crescer um fruto tão rico? As passas de tâmara são, não há dúvida, um exemplo da força da natureza.
É frequente, hoje, as recomendações para uma dieta saudável serem baseadas na ingestão de alimentos pobres em sódio, colesterol e gordura, mas, por outro lado, ricos em fibras. As passas de tâmara encaixam rigorosamente neste perfil nutricional, o que determina uma funcionalidade única, acarretando benefícios para a saúde.
É extensa a composição, da tâmara, em nutrientes.
Contém uma variedade de vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B6, B9), vitamina A e C. Estas vitaminas têm funções fundamentais na gestão da saúde do organismo: no metabolismo dos hidratos de carbono; no controlo sanguíneo dos níveis da glicose e dos ácidos gordos para regular uma distribuição constante de energia; na produção da hemoglobina, para controlo da anemia.
Estão também presentes minerais essenciais na tâmara: o magnésio e o cálcio, participam no correcto desenvolvimento ósseo e no metabolismo energético; o ferro, intervem na produção de células vermelhas do sangue, responsáveis pelo transporte de todos os nutrientes e para todas as células do corpo; o potássio, que contribui para a manutenção e equilíbrio do sistema nervoso e para o bom funcionamento dos músculos; o fósforo, trabalha em equipa com o cálcio, para o crescimento e resistência óssea; o selénio actua no crescimento e reparação celular, ajudando a travar o envelhecimento.
A tâmara também é fonte natural de açúcares, como a glicose, a frutose e a sucrose, proporcionando a libertação instantânea de energia. Para além disto, o seu elevado conteúdo em fibras ajuda a regular o intestino e a prevenir a obstipação.
Alguns estudos investigaram os componentes fitoquímicos da tâmara e revelaram a presença de antocianidinas, ácidos fenólicos, esteróis, carotenoides, procianidinas e flavonóides, conhecidos hoje por possuírem múltiplos efeitos benéficos na saúde.
A informação científica, suportada por diferentes tipos de estudos, concede às tâmaras propriedades farmacológicas distintas: anti-hiperlipidémica, anticancerígena, gastro-protectora, hepato-protectora e nefro-protectora.
Mesmo para quem já tem hábitos alimentares saudáveis regulares, às vezes há dias menos bons. Por força das circunstâncias, há momentos em que acabamos por comer qualquer coisa, em qualquer lugar e fora de horas, o que faz com que não recebamos a quantidade diária necessária de alguns nutrientes, por exemplo, os minerais. Nestes dias, algumas tâmaras podem ser ideais: suplementam o aporte dos nutrientes em falta e salvam o dia.
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[fonte]Referências: El-Sohaimy S.A. and Hafez E.E. Biochemical and Nutritional Characterizations of Date Palm Fruits (Phoenix dactylifera L.). Journal of Applied Sciences Research. 2010, 6(8): 1060-1067.; Manjeshwar Shrinath Baliga , Bantwal Raghavendra Vittaldas Baliga , Shaun Mathew Kandathil, Harshith P. Bhat, Praveen Kumar Vayalil. A review of the chemistry and pharmacology of the date fruits (Phoenix dactylifera L.). Food Research International 2011, 44: 1812-1822.[/fonte]