
Quando me preparava para escrever sobre a mais conhecida das frutas tropicais, lembrei-me de uma canção composta por Dorival Caymmi para o filme “Banana Terra” e imortalizada pela luso-brasileira Cármen Miranda, em 1939, “O que é que a baiana tem?“. Genial pelo ritmo, esta música fica no ouvido de qualquer um.
Tentar adaptar a letra da canção a uma versão sobre esta fruta, talvez possa ajudar a fixar o que é que a banana tem.
O que é que a banana tem?
Tem vitaminas, tem! (rica em vitamina B6 e vitamina C)
Tem sais minerais tem! (rica em potássio, magnésio e manganésio)
Dopamina tem!
Tem muita fibra , tem!
Tem energia como ninguém (leia-se tem energia como nenhum outro fruto. Sim, tem glicose, frutose, sacarose, mas açúcares provenientes de fonte natural)
Como ela faz bem!
A banana é uma fruta bastante completa mas, muitas vezes, por ignorância, é retirada dos regimes, indicados para perder peso, devido ao seu conteúdo calórico. Puro engano!
Uma banana média pesa cerca de 120 gramas, o que contabiliza aproximadamente 105 calorias fornecidas pelos açúcares simples, mas lentos na absorção sanguínea. Portanto, a banana assegura um bom nível de energia de forma prolongada. Por outro lado, estes açúcares, de fonte natural, vêm acompanhados por uma excelente quantidade de fibra dietética total, cerca de 3 gramas de fibra, com superioridade em fibras insolúveis.
Também há quem pense que, por fazer bem à saúde, comer fruta resume-se a comer bananas. Já sabe, e ao longo do que aqui tem sido escrito, a variedade e o equilíbrio são a receita base da alimentação saudável. Portanto, deve comer a banana alternando com a panóplia de frutas frescas que vão aparecendo ao longo do ano.
No caso da banana, ela está sempre na época. A bananeira dá pencas (cada penca é um conjunto de 10 a 25 bananas) de 3 em 3 ou de 4 em 4 semanas, dependente da região do globo.
Em Portugal, a banana é cultivada na Madeira e no Algarve (climas quentes e húmidos) durante todo o ano. No entanto, a banana da Madeira encontra-se no seu melhor entre os meses de Julho e Setembro.
Além dos argumentos nutricionais a favor deste fruto tropical acima descritos, alguns estudos indicam a forte presença de dopamina, um estimulante do sistema nervoso central, e dois fitoquímicos da classe dos flavonóides: a catequina e a delfinidina. Estes últimos são considerados agentes anticancerígenos pela capacidade de bloqueio na promoção e progressão das células cancerígenas.
Um estudo publicado na revista Cancer Research relata o efeito da delfinidina no cancro da próstata, por indução da apoptose das células PC3, interferindo no mecanismo da activação do factor de transcrição NF- kB.
Reconfortante pelo sabor doce e ao mesmo tempo neutro e alcalinizante que tem, a banana recomenda-se, mas, nem sempre nem nunca, como diz o provérbio.
Na pesquisa bibliográfica do presente artigo agradece-se a colaboração de Regina Saraiva e Susana Silva, alunas do 2º ano da Licenciatura de Nutrição e Qualidade Alimentar da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Referências: http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/jf9909860; http://www.springerlink.com/content/w7jj5qtgnkwd4576/; http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/pca.691/abstract; http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18922932