O que precisares, conta comigo! – qual a importância do suporte social?

“O que precisares, conta comigo!”: qual a importância do suporte social? Neste artigo exploramos o que é o suporte social e a sua importância para a nossa saúde.

Os seres humanos são seres sociais. Estamos geneticamente programados a viver e conviver uns com os outros para cooperarmos. Esta característica permite-nos assegurar o sucesso e sobrevivência de cada pessoa e da nossa espécie. O suporte social é um reflexo da cooperação que ajuda à promoção da nossa saúde física e mental.  Simultaneamente, o suporte social amortece o stress em momentos nos quais o nosso bem-estar é posto em causa, sejam mais pequenos como contratempos no dia-a-dia ou acontecimentos de vida, tais como a perda de uma oportunidade de trabalho, uma separação, uma doença ou morte.

O suporte social é uma função das relações caracterizadas por reciprocidade, acessibilidade e confiabilidade. Nestas relações, tanto damos como recebemos, conseguimos estar em contacto com a pessoa e sentimos segurança de que ela está lá para nós. Existem várias formas de prestar suporte social. O suporte instrumental, consiste em dar objetos, comida ou dinheiro e é a forma mais facilmente visível. O suporte informativo consiste na partilha de informações, sugestões ou conselhos. Já o suporte emocional, é constituído por demonstrações de preocupação, afeto (p. ex. abraçar, beijar, fazer festas), escuta ativa, conforto e aceitação. Quando ouvimos um genuíno “o que precisares, conta comigo”, especialmente perante grandes adversidades como uma doença, ficamos com a sensação de que importamos, que temos valor e que somos acarinhados.

Sem relações que providenciam suporte social, aumenta a solidão, e consequentemente os nossos níveis de stress, pois sentimo-nos mais vulneráveis e ameaçados. Sozinhos, mexemo-nos menos. O nosso pensamento tende a preservar no mesmo discurso, o que o torna menos flexível. Assim, não surpreende que a solidão esteja associada ao surgimento de doenças como a obesidade, problemas cardiovasculares, diabetes e doença de Alzheimer.

Por vezes, ficar sozinho ao invés de ir a um encontro social (p.ex.: almoço de família, café com amigos, festa de anos) soa a uma opção confortável. Contudo, importa manter a nossa rede social e equilibrar as ausências em momentos de socialização. Todas as relações pessoais requerem investimento. Lembre-se que ao socializar não está só a manter a sua rede de suporte social e indiretamente a promover a sua saúde, mas também a de outras pessoas.

Referências: Bzdok, D., & Dunbar, R. I. M. (2020). The neurobiology of social distance. trends in cognitive sciences24(9), 717–733. https://doi.org/10.1016/j.tics.2020.05.016; House, J. S., Umberson, D., & Landis, K. R. (1988). Structures and processes of social support. Annual review of sociology, 14(1), 293-318.Williams, P., Barclay, L., & Schmied, V. (2004). Defining social support in context: a necessary step in improving research, intervention, and practice. Qualitative Health Research14(7), 942–960. https://doi.org/10.1177/1049732304266997
Fotografia por  Priscilla Du Preez no Unsplash

Carolina Blom é psicóloga (Nº OPP: 25152), mestre em Psicologia com especialização em Clínica e Saúde pela Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. Atualmente é estudante de doutoramento na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde investiga sobre a qualidade de vida do cuidador informal da pessoa com doença oncológica. No seu percurso académico e profissional trabalhou com adultos maiores institucionalizados, estudantes do 1º ciclo, encarregados de educação, professores e auxiliares e crianças e jovens em risco. O seu interesse na prestação de cuidados às pessoas com doença oncológica despertou durante a experiência enquanto voluntária no acompanhamento de doentes e das suas famílias e, posteriormente, pela experiência pessoal enquanto cuidadora informal. Usa o novo acordo ortográfico. Carolina Blom is a psychologist (License Nr: 25152) and has a master’s degree in Psychology with a specialization in Clinical and Health from the Faculty of Education and Psychology of the Catholic University of Portugal. Currently, she is a PhD student at the Faculty of Psychology and Educational Sciences of the University of Porto, where she researches about the quality of life of the informal cancer caregiver. In her academic and professional path, she worked with older adults, primary school students, teachers, educators, and children and young people at risk. Her interest in cancer caregiving arose during her experience as a volunteer in the care of patients and their families and later through her personal experience as an informal caregiver.