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Mindfulness – contributo no equilíbrio emocional do doente oncológico

A doença oncológica é considerada uma das doenças mais temidas da humanidade, desencadeando muitas reações a nível emocional no doente, família e amigos.

O facto de o doente viver numa permanente incerteza é um grande desafio a enfrentar pois o cancro não é apenas uma doença, representando um dos maiores medos da humanidade.

A primeira fase é a do diagnóstico. Aqui, frequentemente depois do impacto inicial, surge a negação e descrença, seguindo-se um período stress agudo onde se verifica a existência ansiedade e raiva. O caminho é de incertezas levando muitas vezes a sentimentos de culpa e depressão.
O futuro parece tornar-se vazio e os pensamentos sobre a morte são inevitáveis.

Numa segunda fase, depois de conhecer o diagnóstico, vai-se verificando gradualmente a aceitação da doença, tornando-se mais fácil se o doente tiver o apoio da família, amigos e profissionais de saúde. Nesta fase o doente apresenta frequentemente ansiedade, depressão, desespero passa com frequência por períodos de solidão e vulnerabilidade emocional.

Numa terceira fase, a de vigilância ou follow-up, depois de ultrapassar a fase aguda o doente apresenta frequentemente um receio antecipatório que se relaciona com a possibilidade de apresentar uma recaída.
Se existir um período de remissão prolongada, o medo da recidiva diminui e o doente frequentemente retoma as suas atividades  de vida anteriores, no entanto se se verificar o aparecimento de metastização, um mundo de incertezas volta a fazer parte do seu universo com uma intensidade idêntica à do momento do diagnóstico inicial, condicionando o seu bem-estar.

Entre os doentes recuperados é possível encontrar dois tipos de postura: o doente que sente que venceu e que desenvolveu novas competências, que enfrentou o medo e a partir desse momento está mais forte para enfrentar outras situações e, aquele para o qual as perdas foram grandes, as alterações emocionais deixaram marcas, o futuro permanece ameaçado e se recusa a fazer planos a longo prazo.

Neste contexto surge o mindfulness, como ponto de encontro entre várias intervenções clínicas que tem a interferência de várias componentes, nomeadamente a que envolve a auto-regulação da atenção na experiência imediata, resultando na recognição de acontecimentos que surgem no momento presente da consciência e a orientação de abertura e aceitação da experiência momento-a-momento.

O mindfulness envolve a atenção, a atitude de não julgamento e a aceitação aberta.
É cultivado pela prática de várias formas de meditação ou treino mental e pode ser experienciado em sessões de meditação formal ou durante as atividades do dia-a-dia.

Há um conjunto de capacidades que podem ser apreendidas independentemente de qualquer sistema de crenças religiosas. Genericamente as intervenções englobam a redução do stress, terapia cognitiva, terapia comportamental e terapia de aceitação-compromisso.

Existem muitas fontes de distress em pessoas com cancro, nomeadamente antecipação do sofrimento, as exigências dos tratamentos, dificuldades em aceitar as alterações na sua aparência e na sua vida e a incerteza, verificando-se que as dificuldades enfrentadas são consideráveis no que concerne a estratégias de coping. Assim, o mindfulness é frequentemente utilizado como tratamento complementar, sendo utilizado paralelamente às terapias habituais.
É uma forma de os doentes oncológicos conseguirem obter algum controlo sobre a sua doença, tratamento e bem-estar durante os tratamentos convencionais de recuperação.

[fonte]Referências: Teixeira, M. & Pereira, M. (2009). Promoção da saúde na doença oncológica: intervenção de redução do stress baseada no mindfulness. Psychologica, 50, 251-275, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Universidade de Coimbra; Fotografia de  Lesly Juarezon Unsplash [/fonte]

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