Uma atitude simples pode salvar uma vida

A paragem cardiorrespiratória (PCR) é um acontecimento súbito que pode surgir a qualquer pessoa e constitui uma das principais causas de morte no mundo.

Só na Europa estima-se que afete mais de 350 mil indivíduos por ano sendo, portanto fundamental uma intervenção rápida da pessoa que o presenciar, com base em procedimentos específicos e devidamente enquadrados pela cadeia de sobrevivência.

Se os procedimentos forem bem executados, permitem diminuir os índices de morbilidade da população associados á PCR.

A cadeia de sobrevivência é composta por quatro elos de igual importância que traduzem o conjunto de procedimentos vitais para recuperar uma vítima.

Neste artigo iremos abordar os dois primeiros elos, uma vez que os seguintes deverão ser efetuados por elementos qualificados para o efeito.

Assim é importante lembrar que o rápido reconhecimento de uma vítima de paragem cardiorrespiratória é um fator fundamental para a ativação dos serviços de emergência 112.

No intervalo de tempo entre a ativação e a chegada dos serviços de emergência ao local da ocorrência a execução de manobras de suporte básico de vida assume uma importância fundamental.

O reconhecimento da PCR refere-se a uma situação em que a vítima está não reativa (não responde quando estimulada) e não respira normalmente, pelo que devem ser iniciadas de imediato manobras de reanimação.

O suporte básico de vida consiste em duas ações principais: compressões torácicas e insuflações.

Quando experiente, quem presencia uma PCR deve iniciar de imediato as manobras de suporte básico de vida enquanto aguarda a chegada dos serviços de emergência. Sem experiência de reanimação, o elemento que assiste a vítima deve realizar compressões torácicas, instruído pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes.

No entanto, é importante lembrar que antes de se aproximar de alguém que possa estar em perigo de vida o reanimador deve assegurar que não ocorre nenhum risco ambiental (choque elétrico, derrocadas, explosões, entre outros), toxicológico (exposição a fumo, gás, …) e infeções (tuberculose, hepatite, …).

Depois deverá avaliar o estado de consciência da vítima abanando-lhe os ombros e tentando falar com ela de forma a obter resposta.

Se a vítima não se apresentar reativa o reanimador deve permeabilizar a via aérea colocando a vítima deitada de barriga para cima (decúbito dorsal), colocando-lhe uma mão na testa e inclinando-lhe a cabeça para trás (extensão da cabeça), com o queixo elevado.

De seguida deve verificar se a vítima respira, realizando o VOS (ver, ouvir e sentir). Assim, deve ver se há movimentos torácicos, ouvir os sons respiratórios e sentir o ar expirado na face do reanimador.

Se a vítima não responde deve ativar o 112 e dar início ás compressões torácicas.

Realize 30 compressões deprimindo o esterno 5 a 6 cm a uma frequência de 100/minuto de modo a manter o fluxo de sangue para o coração, cérebro e outros órgãos vitais.

Após as 30 compressões devem ser efetuadas 2 insuflações com a duração de 1 segundo capazes de provocar a elevação do tórax.

A posição incorreta da cabeça pode impedir a insuflação adequada pelo que deve ser motivo de atenção.

Após as duas insuflações devem ser efetuadas novamente 30 compressões seguidas de 2 insuflações e assim sucessivamente até à chegada de ajuda diferenciada, ficar exausto ou se a vítima retomar sinais de vida.

Na impossibilidade de usar um dispositivo na via aérea (máscara de bolso) a insuflação “boca a boca” é uma forma rápida e eficaz de fornecer oxigénio à vítima. No entanto, se não se sentir capaz ou sentir relutância em fazer as insuflações, faça apenas as compressões torácicas sem parar.

Para finalizar devemos relembrar que a segurança do reanimador é fundamental para que não se torne também em vítima. Por vezes o desejo de ajudar alguém é tão grande que podem ser ignoradas as condições de segurança.

Referências: Manual de Suporte Básico de Vida, adulto; Departamento de formação em emergência médica INEM; 2017; 2ª edição. Créditos da imagem: https://ced2018.cm-braga.pt/pt/0801/eventos/calendario-de-eventos/item/item-1-830

Ana Paula Figueiredo, natural da Trofa é Licenciada em Enfermagem e Especialista em Saúde Mental e Psiquiatria pela Escola Superior de Enfermagem do Porto. Mestre em Educação, área de especialização em Educação para a Saúde pela Universidade do Minho. Actualmente exerce a sua actividade profissional na área da oncologia, no Porto. É Coordenadora do workgroup de Educação para a Saúde da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa. Co-autora do projecto “Com um conto acrescento um ponto à minha saúde” e do Concurso “Com uma história conquisto uma vitória” é também autora de vários artigos científicos na área da oncologia e de histórias infantis na área da educação para a saúde. Colaboradora do Stop Cancer Portugal. Ana Paula Figueiredo, born in Trofa, holds a Bachelor of Science in Nursing with a specialization in Mental Health and Psychiatry awarded by the Porto School of Nursing. Master in Education, specialty subject of Health Education awarded by the University of Minho. Currently undertakes professional practice in the area of Oncology in Porto. Coordinates the Health Education workgroup of the Portuguese Oncologic Nursing Association. Coauthor of the project “With a tale I’ll add a dot to my health” and the competition “With a story I’ll conquer a victory”, she has also authored several scientific articles on the subject of oncology as well as children’s stories on the subject of health education. Collaborates in the project Stop Cancer Portugal.