O Sorafenib e a terapia dirigida
O Sorafenib tem revolucionado o tratamento do carcinoma hepatocelular, particularmente no caso da doença em estadio avançado. De facto, tendo em conta a baixa eficácia da quimioterapia sistémica de amplo espectro em vários tipos de cancro, incluindo no carcinoma hepatocelular, os investigadores têm procurado descobrir novas e eficazes terapias dirigidas a alvos moleculares que se encontrem envolvidos em vias de sinalização desreguladas. Assim, ao contrário da quimioterapia sistémica que atua indiscriminadamente sobre todas as células do corpo humano, a terapia dirigida pretende atuar exclusivamente sobre moléculas alvo, essenciais ao processo de carcinogénese. Desta forma, pretende-se aumentar a resposta terapêutica e diminuir a toxicidade nos tecidos que não sejam alvo de tratamento.
A descoberta do Sorafenib
O Sorafenib, descoberto em 1990 e aprovado 17 anos mais tarde, foi o primeiro inibidor oral multicinase a ser comercializado. Apesar da vasta literatura atualmente existente, os mecanismos moleculares através dos quais o Sorafenib exerce a sua ação anti-tumoral não são ainda totalmente conhecidos. Sabe-se que este fármaco inibe a atividade de diversas tirosinas-cinases envolvidas na angiogénese (formação de novos vasos sanguíneos) e na progressão tumoral. O Sorafenib pode também estar na origem da diminuição da resistência a alguns fármacos e da indução da morte celular. Pensa-se também que o Sorafenib possa ser responsável por sensibilizar as células tumorais, tornando-as mais suscetíveis aos efeitos da radioterapia e da quimioterapia, implicando tal facto a redução das doses ou concentrações utilizadas e, consequentemente, dos efeitos secundários induzidos no doente. Estudos apontam também para o facto do Sorafenib atuar não apenas no próprio tumor, mas também na sua microvascularização, sendo por isso considerado um inibidor multicinase de dupla ação.
A utilização combinada do Sorafenib
Até agora o Sorafenib tem sido utilizado na prática clínica em doentes com carcinoma hepatocelular em estadio avançado. Através da utilização deste fármaco, tem-se verificado um aumento da sobrevida global dos doentes, ainda que por vezes associada a morbilidade.
Vale a pena referir que a utilização combinada de várias estratégias terapêuticas tem até agora ditado os resultados mais encorajadores na terapia anti-cancro, uma vez que o Sorafenib possui características que o tornam um fármaco com bastante potencial para a utilização no contexto de terapias combinadas.
De notar ainda que, para além do Sorafenib, existem outras moléculas para terapia dirigida a alvos moleculares no carcinoma hepatocelular e em outros tipos de cancro sob intensa investigação.