Adoptar um estilo de vida saúdavel

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Da fragilidade

Como qualquer outra pessoa que vive com a informação aos trambolhões, também eu sei fazer contas e concluir que, se as estatísticas dizem que um de nós, em cada três, há de ter cancro, muito provavelmente, ao longo da minha vida, viverei esta doença por dentro, seja na minha pele, seja nas de quem amo.

Não é a primeira vez que lhe sinto o cheiro, mas, por esta altura, chegou-me mais perto que nunca: entrou no peito de uma das mulheres da minha vida! Entrou, assim, de outro jeito, também no meu peito.

Esta é aquela hora das perguntas todas. Aquela em que nos pomos a olhar para todos os lados, à procura de culpados. Nesta busca frenética, há um instante em que mudamos a direção do olhar: voltamo-nos para cima. Fazemo-lo de modos muito diferentes, todos compreensíveis: há quem aponte o dedo, a barafustar e a pedir satisfações, num clamor desesperado de porquês, em fúria.

Desta vez, apetecia-me fazê-lo. Mas tenho algumas dificuldades: primeiro, sempre desconfiei desta coisa de sermos seres todo-poderosos (podemos as escolhas, é certo, mas a danada da vida continua a ser muito mais do que lógica!). Depois, vejo-me noutra inquietação: às vezes, fico assim a olhar, quietinha, a mulher cujo peito foi invadido pelo cancro e, em todas as ocasiões em que ela olha para cima, nunca a encontro zangada – vejo-lhe, na menina dos olhos, o reflexo daquele aconchego que só encontra quem procura alguém que já conhece, numa relação de peito aberto. (Suspeito que, de vez em quando, ela também olha para cima e reclama; mas fá-lo sempre, sempre em segredo – como acontece quando amamos muito alguém que fez asneira, mas que ainda assim queremos proteger de outros olhares).

A mim, resta-me aceitar a minha fragilidade e ficar bem perto, em silêncio.

[fonte]Fotografia: Alexey Kljatov[/fonte]

Há duas coisas que acontecem sempre que alguém descobre que me importa a fé: a primeira é, sem dúvida, a surpresa. Mas o que me deixa a pensar é a segunda.
Há um café onde gosto de rever amigos que tem um pormenor que me perturba sempre: a casa de banho! Acreditem! – Usá-la é uma experiência única! Eu explico: a casa de banho em questão não tem tinta, azulejo ou outra decoração comum nas paredes. Tem, ao invés disso, espelhos e mais espelhos. Espelhos em todos os lados. Se fizerem um exercício de imaginação, conseguirão perceber facilmente que se trata de uma experiência reveladora!
Porque o corpo mais perfeito, de nada serve, se não for casa de uma pessoa inteira, que tal olharmos, por um instante, para o humano que nos habita?