Ainda que efeitos adversos do consumo de cigarros sejam bem conhecidos, e as mulheres grávidas ou lactantes estejam cada vez mais cientes das consequências na saúde do bebé, o relatório de saúde perinatal Europeu mostra que em média, mais de 10% das mulheres fumam ao longo da gravidez, com valores entre 5% na Lituânia a 22% na França.
O tabaco é uma mistura complexa e reativa de cerca de 5000 químicos. Substâncias como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas, fitoesterois, metais, monóxido de carbono, oxido nítrico, e a nicotina como o componente farmacologicamente mais ativo.
O consumo de tabaco durante a gravidez tem um importante efeito no crescimento fetal. O seu consumo está relacionado com uma redução do peso ao nascer do bebé, com um aumento significativo do risco de baixo peso ao nascer (peso inferior a 2500g). Também a exposição a ambientes de fumo mostra uma relação com o nascimento de bebés pequenos para a idade gestacional.
Uma das moléculas responsável é o monóxido de carbono, que tem uma enorme capacidade para se ligar a hemoglobina aumentando os níveis de carboxiemoglobina nas artérias uterinas. Como consequência, a distribuição de oxigénio nos tecidos está limitada causando hipoxia fetal.
O crescimento fetal está também associado a síntese de DHA (ácido docosohexaenoico) comprometida em mães fumadoras, bem com a mecanismos epigenéticos com alterações do DNA na formação dos genes.
O consumo de cigarros está também associado ao desenvolvimento do tamanho e das funções do cérebro, sendo mais baixo em bebés de mães fumadoras comparativamente a não fumadoras.
Vários estudos relacionam a exposição aos diversos químicos ao aumento da incidência de obesidade e outras doenças metabólicas, pelas possíveis alterações fisiológicas, endócrinas e metabólicas.
A saúde cardiovascular parece estar afetada pela exposição ao tabaco no útero, com amento da incidência de hipertensão arterial a longo prazo. Bronquite, asma, função pulmonar reduzida, estão também descritas como consequência inflamatória.
Durante a amamentação o consumo de tabaco é de igual forma prejudicial, já que a nicotina transferida para o leite materno é cerca de 2 vezes mais do que a que existe na circulação materna, desconhecendo-se ainda o nível de gravidade uma vez que a não se sabe exactamente a quantidade de nicotina que é metabolizada após a absorção pelo bebé. Para além disso, o leite produzido por mães fumadoras parece ser pobre em ácidos gordos essenciais, importantíssimos para o bom desenvolvimento neurológico do bebé.
Lactantes fumadoras tendem a amamentar durante menos tempo quer por redução na produção de leite, quer pela redução da procura pelo bebé. Hábitos tabágicos durante a lactação estão também relacionados com síndrome de morte súbita e alterações respiratórias e metabólicas. A nicotina tem efeitos estimulantes, sendo que há estudos que descrevem alteração no sono, irritabilidade, choro e cólicas no bebé.