Doente oncológico: precauções para uma atividade física segura

atividade física segura em oncologiaA prática de atividade física durante o tratamento oncológico é segura e traz benefícios.

Ajuda a manter ou a melhorar a capacidade física, melhora o equilíbrio contribuindo para diminuir o risco de quedas e de fraturas, diminui a fadiga, as náuseas, o risco de doença cardíaca, de osteoporose e de ansiedade e depressão, facilita a circulação sanguínea, diminui a dependência de terceiros, melhora a autoestima, ajuda no controlo do peso e melhora a qualidade de vida.

Embora existam diversas razões para que o doente se mantenha ativo durante os tratamentos, é importante que o programa de exercícios seja adaptado ao que é seguro, eficaz e agradável para cada um. Em situações em que o doente em quimio ou radioterapia já pratica exercício físico antes do diagnóstico, poderá ser necessário reduzir a intensidade e a duração da atividade. Se, pelo contrário, o doente não pratica nenhum exercício antes do diagnóstico, deverá começar com atividades ligeiras, como alongamentos e pequenas caminhadas e ir progredindo devagar. O objetivo para qualquer doente será sempre manter-se o mais ativo possível.

Quando existem metástases ósseas, artrite ou lesões nos nervos das mãos, das pernas ou dos pés, é importante que seja dada atenção ao equilíbrio para evitar quedas. Ter um cuidador ou um personal trainer presente durante a atividade pode ser uma grande ajuda. Quando acamado, sessões de fisioterapia poderão ser úteis, preservando-se a força muscular e o nível de mobilidade e minimizando-se o risco de fadiga e depressão.

Cerca de 70% dos doentes oncológicos apresenta fadiga durante os tratamentos, a qual não é ultrapassada com descanso. A inatividade física leva à fraqueza muscular e à perda de função dos músculos, conduzindo a maior cansaço. Um programa individualizado de exercícios aeróbicos poderá quebrar este ciclo. Aliás, diversos estudos referem que a prática regular de exercício físico reduz a fadiga.

Todavia, antes de se iniciar qualquer programa, é importante consultar o médico, especialmente se o tratamento puder afetar os pulmões, o coração ou se já houver risco de doença pulmonar ou cardíaca.

Outros casos particulares dizem respeito, por exemplo, a situações de anemia, em que a prática de atividade física pode não ser recomendada, ou quando os níveis de certos minerais (sódio e potássio), estiverem abaixo do desejável, por situações de vómitos e diarreia recorrentes. No caso do número de glóbulos brancos estar abaixo do desejável ou se foram prescritos fármacos que possam aumentar o risco de infeções, os ginásios e outros espaços públicos deverão ser evitados.

Após a concordância do médico, é imprescindível que o profissional que acompanha o doente (fisioterapeuta ou profissional em atividade física) tenha conhecimento do diagnóstico e de todas as limitações. Assim, o plano será adaptado à situação clínica em frequência, duração, intensidade e no tipo de exercícios.

Se o doente se sentir muito cansado ou não tenha disposição para a prática de atividade física, será aconselhável fazer, pelo menos, 10 minutos de alongamentos diariamente.

Por outro lado, se existir osteoporose, metástases ósseas, artrite, lesões nos nervos e/ou dificuldades de visão e/ou de equilíbrio, deverão ser evitados exercícios com pesos, minimizando o risco de lesões. Também quando o equilíbrio está afetado, é aconselhável optar-se por uma bicicleta estática a uma passadeira.

Em doentes em radioterapia, deverá ser evitada a prática de exercícios sob exposição solar e atividades em piscinas com cloro. Outra atenção especial deve ser dada a quem tenha um cateter. Deverá evitar exercícios na água, para minimizar o risco de infeções. Adicionalmente, deve ainda evitar trabalhar os músculos da região onde está inserido o cateter, diminuindo o risco de deslocação do mesmo.

Seja qual for a situação, não esquecer uma boa hidratação.

Referências: American Cancer Society (2012). Life style changes that make a difference: Nutrition and physical activity guidelines for cancer survivors. Disponível em www.cancer.org. Fontes de imagens: http://cienciadotreinamento.com.br/sugestoes-de-exercicio-fisico-e-sua-importancia-na-vida-do-paciente-com-cancer/; https://montereybayholistic.wordpress.com/tag/nutrition-cancer/ 

Dina Raquel João é Nutricionista e Mestre em Nutrição Clínica, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas (nº 0204N), com o Título de Especialista para a área de Terapia a Reabilitação da Classificação Nacional de Áreas de Educação e Formação, subárea da Nutrição, tendo desenvolvido a sua atividade profissional principalmente na prática clínica, na docência e formação e na investigação. Como Nutricionista, iniciou atividade clínica em 2001, tendo exercido a nível hospitalar, em centro de saúde e em clínica privada. A experiência profissional na área da investigação decorreu, essencialmente, na área oncológica, tendo sido premiada nesse campo (1º Prémio de Nutrição Clínica da Fresenius Kabi, em 2002). Conta com diversas comunicações científicas orais e em painel, tanto em eventos nacionais como internacionais. Atualmente, é Professora Adjunta Convidada na Universidade do Algarve – Escola Superior de Saúde, lecionando à licenciatura em Dietética e Nutrição.