Sobreviventes de cancro da mama: abordagem para a perda de peso
Os estudos sugerem que as mulheres diagnosticadas com cancro da mama devem dar especial atenção ao controlo do peso, para evitarem uma diminuição da qualidade de vida e da sobrevivência. Contudo, hoje em dia, a sociedade é invadida com inúmeras estratégias de marketing sobre “dietas” para perda de peso.
Então, e o que a ciência nos diz sobre as práticas para perda e manutenção de peso em sobreviventes de cancro da mama?
Associados à perda de peso no cancro da mama, vários estudos têm sido desenvolvidos com diversos tipos de dietas diferentes, desde as dietas baixas em calorias, denominadas hipocalóricas, às pobres em gordura ou hipolipídicas, às dietas pobres em hidratos de carbono conhecidas por cetogénicas e às dietas ricas em vegetais.
A maioria sugere que uma dieta hipocalórica, com limitação das gorduras e dos açúcares simples, rica em vegetais, frutas e cereais integrais, com maior consumo de pescado e carnes brancas que de carnes vermelhas e processadas, acompanhada de exercício físico pelo menos 2 vezes por semana, assim como de apoio psicológico, é a estratégia fundamental para melhorar o prognóstico.
Um estudo que incluiu mais de 12000 sobreviventes de cancro da mama, mostrou que a atividade física depois do diagnóstico se associa a uma redução de 24% na taxa de recorrência da doença e de 34% na mortalidade pela mesma, bem como de 41% em todas as causas de mortalidade.
Outro estudo, este com 717 sobreviventes de cancro da mama, mostrou que o exercício físico aumentou o consumo máximo de oxigénio e o desempenho físico, além de reduzir os sintomas de fadiga, contribuindo para melhoria clinicamente significativa na qualidade de vida. Não nos esqueçamos que a fadiga é, muitas vezes, desvalorizada mas consiste no sintoma com mais impacto na vida das doentes.
Sabe-se que o exercício é fundamental para evitar o aumento de peso em qualquer população mas, em sobreviventes de cancro da mama, é ainda mais importante. A atividade física moderada, durante e depois do tratamento, pode ajudar as sobreviventes a manterem a massa muscular e a evitarem o excesso de massa gorda, o que pode melhorar a qualidade de vida e a sobrevivência. De facto, o exercício físico foi identificado como uma intervenção efetiva para melhorar a qualidade de vida nestas mulheres, embora se verifique que a atividade física é drasticamente reduzida pelas mesmas, desde o diagnóstico e durante os tratamentos.
Uma dieta com restrição de gorduras saturadas (<10%) e aumento do consumo de frutas e verduras (7 porções por dia), combinada com exercícios de força e de resistência, com um objetivo de perda de peso de 10% em 12 meses, foram as intervenções realizadas num estudo com sobreviventes de cancro da mama, colo-retal e próstata, todos os indivíduos eram obesos com idade avançada (65-91 anos). Os grupos em que foram aplicadas estas intervenções perderam mais do dobro do peso perdido pelos grupos em estas intervenções não foram aplicadas. A longo prazo, também se observou que reduziram a deterioração física e melhoraram significativamente a sua qualidade de vida.
Uma vez que o número de sobreviventes de cancro da mama é cada vez maior, é imprescindível um acompanhamento ao longo do tempo para um controlo do peso de todas as doentes por parte dos profissionais de saúde, para limitar as morbilidades associadas e melhorar a qualidade de vida. É importante que as doentes sejam encaminhadas para consultas de nutrição ou então consultando o site da Ordem dos Nutricionistas, o que certifica o profissional habilitado para o fazer.