Integrar a prevenção e tratamento da obesidade nos cuidados aos doentes oncológicos foi a mais recente declaração da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) como recomendação a todos os oncologistas. É preciso educar o público sobre os riscos da obesidade e a sua relação estreita com o cancro.
Sabe-se que a ASCO está a desenvolver orientações clínicas, ferramentas e recursos para que os oncologistas não só possam apoiar os doentes a perderem peso, como a mantê-lo controlado. A ASCO também lançou um guia online com informações e diretrizes de clínicas e estratégias para promover o controlo de peso.
Os oncologistas devem desenvolver competências básicas para calcular o índice de massa corporal e avaliar o estado ponderal, bem como discutir com os pacientes, e os sobreviventes, sobre o papel da alimentação saudável e do exercício físico na redução da fadiga, na melhoria da qualidade de vida e da imagem corporal, para alterações favoráveis nos biomarcadores e na diminuição da incidência do cancro e de co morbilidades.
Atualmente existem estudos que apontam para uma relação entre a obesidade no diagnóstico de cancro e o aumento da sua recorrência e mortalidade. E ainda que a obesidade pode interferir com a eficácia da terapêutica indicada para o cancro, além de aumentar os riscos de desenvolvimento de outras situações malignas, secundárias e primárias, assim como outras co morbilidades, como as doenças cardiovasculares e a diabetes.
Os oncologistas devem trabalhar em parceria com outros profissionais: nutricionistas, cardiologistas, endocrinologistas, fisioterapeutas, fisiologistas do exercício e outros cuidadores, de forma a promoverem mudanças comportamentais a longo prazo nos doentes, mas também para promoverem estilos de vida saudáveis na comunidade.
No relatório da ASCO adiantam-se estratégias que podem ser um fator de motivação para os doentes e suas famílias, apoiando a mudança: partilha de experiências pessoais sobre tentativas de perda de peso, aumento da atividade física, eventos comunitários focados na atividade física ou outras atitudes que estimulem estilos de vida saudável e que podem reforçar uma estratégia para a prevenção do cancro que atinge a população de um modo geral.
Também se devem concentrar esforços para a melhoria e acesso aos serviços de nutrição e aconselhamento do exercício para os doentes oncológicos, promover a cobertura do seguro e acesso a serviços de triagem, de diagnóstico e tratamento da obesidade.
A obesidade é, hoje, vista como um problema social bastante complexo e aproxima-se rapidamente do tabaco como a principal causa evitável de cancro, tornando-se uma prioridade aumentar a consciência pública sobre a relação existente entre a obesidade e o cancro.
A América despertou para a dificuldade dos escassos recursos que existem para ajudar os doentes com cancro a adotar uma vida saudável depois de um diagnóstico de cancro. É necessário desenvolver estratégias eficazes para os ajudar a compreender a importância de iniciar e manter um estilo de vida saudável depois de um diagnóstico de cancro.
Em Portugal, está tudo por fazer. Existem algumas estatísticas sobre a obesidade em algumas faixas da população mas não se conhece outras realidades, sobretudo no contexto oncológico e que é nula.
O projeto Stop Cancer Portugal – adotar um estilo de vida saudável, desde 2010, tem como missão alertar as pessoas para o cancro, de modo a contribuir para a redução do aparecimento de novos casos e a melhorar a qualidade de vida dos que são afetados por esta doença. O seu propósito é contribuir para a prevenção do cancro e identifica-se com todas as recomendações, agora publicadas pela ASCO.
A promoção da saúde englobando diferentes áreas da prevenção, não é 100% eficaz para prevenir o cancro mas pode andar lá perto!
[fonte]Referências: Ligibel, J. A., Alfano, C. M., Courneya, K. S., Demark-Wahnefried, W., Burger, R. A., Chlebowski, R. T., … & Hudis, C. A. (2014). American Society of Clinical Oncology position statement on obesity and cancer. Journal of Clinical Oncology, 32(31), 3568-3574. [/fonte]