A espécie humana é a única que ingere leite de outras espécies e ainda o consome para além da idade de desmame. A Índia e Estados Unidos são os líderes mundiais de produção de leite e em ambos os países, o leite é considerado como tendo qualidades especiais. Estudos etnográficos e científicos, conhecimento popular, e relatórios do governo revelam que o significado cultural do leite vai para além de seu valor nutritivo.
Existem diferenças qualitativas e quantitativas entre as proteínas do leite materno (LM) e do leite de vaca (LV).
O LM contém somente 1% a 1,5g% de proteínas comparado com aproximadamente 3,3g % no LV. A concentração elevada de proteínas no LV resulta quase inteiramente do seu conteúdo de caseína, seis vezes superior ao do LM.
As proteínas do soro do LM são a α-lactoalbumina, a lactoferrina, a lisozima, imunoglobulinas IgA, IgG e IgM e albumina sérica. O LV contém as mesmas proteínas contidas no soro do LM, embora em quantidades diferentes; o LV possui β-lactoglobulina, completamente ausente no LM, enquanto que a α-lactoalbumina e a lactoferrina são as predominantes no LM. O conteúdo de lactoalbumina está relacionado ao de lactose, e o LM, que possui um alto conteúdo de lactose, também tem alto conteúdo de α-lactoalbumina.
A caseína é um dos componentes proteicos que mais difere em quantidade no leite das diferentes espécies. Há diferenças físico-químicas entre a caseína bovina e humana que levam à formação de coalhos com características diferentes. O coalho do LM é bem mais fino e de melhor digestibilidade. O alto teor de caseína do LV favorece a ligação caseína-cálcio, formando sabões insolúveis, prejudicando a absorção deste mineral.
Os hidratos de carbono constituem a fonte de energia mais comum e mais barata, de fácil digestão e absorção. As necessidades relativas de hidratos de carbono nas crianças não diferem das do adulto. Admite-se que 50% das calorias totais de uma dieta média devem ser fornecidas pelos hidratos de carbono.
A lactose é um dos principais componentes do LM. É um dissacárido composto por dois monossacáridos, galactose e glicose e é sintetizada pelas células da glândula mamária durante a lactação. O alto teor de lactose do LM, associado à presença de outros componentes do leite, como: factor bífido; monossacáridos e oligossacáridos, mantêm o meio intestinal protegido contra patogénicos. Os oligossacáridos do LM, por não serem digeridos no intestino delgado, constituem as fibras solúveis do LM e sua estrutura intacta é adaptada para actuar como ligadores competitivos protegendo as crianças amamentadas de infecções.
[fonte]Referências: Guerra, A., Rêgo, C., Silva, D., Ferreira, G. C., Mansilha, H., Antunes, H., & Ferreira, R. (2012). Alimentação e nutrição do lactente.; Revista de Medicina da Criança e do Adolescente. Set/Out de 2012, p. Suplemento II. 2; White, R. e Allen, R. A literature review of the nutrient composition on human breast milk. Diet and Nutrition Survey of Infants and Young Children. 2011. [/fonte]