Há alguma hipótese de o leitor ainda não ter bebido água de coco natural? Não estou a referir-me à água de coco processada e embalada, mas sim ao fluido, estéril, que se encontra no interior do coco e que, tal qual golpe de uma catana, fica disponível para, simplesmente, se beber.
Precisamente há dois dias atrás, entrei numa superfície comercial e lá estavam eles, cocos frescos vindos diretamente do Brasil! Foi a primeira vez que comprei um coco fresco em Portugal.
A água de coco é muito popular em muitos países: Índia, Malásia, Sri Lanka, Filipinas, Tailândia, Indonésia, Brasil, no Chade, na Guiné Equatorial e outros países da África Ocidental. Aqui, consomem a água do coco por ser refrescante, mas também porque se acredita no seu poder curativo, baseado em tradições antigas e crenças culturais. Mas, a investigação científica sugere que se deve esperar muito mais da água de coco, nomeadamente no que diz respeito ao seu valor nutricional!
A água de coco corresponde apenas a 25% do peso bruto do coco imaturo e, à medida que este amadurece, perde água e ganha polpa, a parte branco do coco.
A composição básica da água de coco, como é de esperar, é na maioria água (94%), complementada por uma miríade de nutrientes em concentrações mínimas (açúcares, álcoois, lípidos, aminoácidos, compostos nitrogenados, enzimas), vitamina C, vitaminas do complexo B, sais minerais (potássio, sódio, magnésio e cálcio) restando ainda lugar para uma classe de hormonas, as fito-hormonas, conhecidas pelas “5 clássicas”: citocininas, giberelinas, auxinas, ácido abscísico e etileno.
A combinação de sais minerais da água de coco é singular. Por ser isotónica, pode ser usada em situações em que é necessário fazer uma reposição eletrolítica. Por exemplo, na reidratação após exercício físico intenso, na reidratação de doentes com problemas gastrointestinais, quando são detetadas deficiências nutricionais de certos oligoelementos, como o cálcio e o magnésio, que podem ser prevenidas pela ingestão de água de coco. Mais ainda, há um estudo que mostra efeitos protetores no enfarte do miocárdio atribuído ao conteúdo mineral, muito rico em potássio, da água de coco. Outro estudo aponta para a eficácia do consumo regular da água de coco no controlo da hipertensão.
Quanto à presença das “5 clássicas” fito-hormonas na água de coco, estas prometem benefícios na área oncológica. As propriedades biológicas especiais das citocininas (efeito apoptogénico e efeito anti-proliferativo) e o seu potencial anticancerígeno podem mostrar perspetivas inovadoras para o tratamento de diferentes tipos de cancro: pele, mama, mieloma múltiplo, entre outros (cancer associated fibroblasts).
Agora já sabe, procure cocos frescos e beba uma água com propriedades biológicas especiais, selecionada pela natureza.
[fonte]Referencias: Yong, J. W., Ge, L., Ng, Y. F., & Tan, S. N. (2009). The chemical composition and biological properties of coconut (Cocos nucifera L.) water. Molecules,14(12), 5144-5164; Anurag, P., & Rajamohan, T. (2003). Cardioprotective effect of tender coconut water in experimental myocardial infarction. Plant Foods for Human Nutrition,58(3), 1-12.; Sousa, R. A. D., Borges Neto, W., Poppi, R. J., Baccan, N., & Cadore, S. (2006).; Vermeulen, K., Strnad, M., Krystof, V., Van Der Aa, A., Lenjou, M., Rodrigus, I., … & Berneman, Z. N. (2002). Antiproliferative effect of plant cytokinin analogues with an inhibitory activity on cyclin-dependent kinases. Leukemia (08876924), 16(3).; Kende, H., & Zeevaart, J. (1997). The Five” Classical” Plant Hormones. The Plant Cell, 9(7), 1197.
Fonte da Imagem: Crisco 1492 [/fonte]