Todas as cidades sem grandes elevações de terreno são propícias para andar de bicicleta. Londres está naturalmente incluída: uma cidade maioritariamente plana, com um grande fluxo de pessoas durante todo o dia, com uma rede de transportes abrangente mas não suficiente. Perante isto, desde 1999 começaram a ser implementadas medidas e benefícios para incentivar o uso da bicicleta como meio de deslocação para o trabalho.
Mais de 8000 bicicletas estão espalhadas pela cidade, disponíveis para aluguer. Duas libras dão acesso ao aluguer por 24h e a meia hora de utilização, existindo outras modalidades. São uma opção conveniente para pedalar pelo centro de Londres para quem chega por outros meios de transporte. Por isso só se tornam relevantes se os parques estiverem próximos das estações dos transportes públicos e do local de trabalho. Já para quem pretende utilizar a sua própria bicicleta pode fazê-lo de duas maneiras: transportá-la nos transportes públicos ou vir directamente num dos vários percursos criados para os ciclistas. Estas vias ligam os arredores ao centro de Londres, existindo projectos para ampliação desta rede de ciclovias.
Comprar a bicicleta ideal, para levar nos transportes públicos ou para a utilizar desde casa, não é barato. A pensar neste factor, o Governo Britânico criou alguns incentivos para os utilizadores e para as empresas através do “Cyclescheme“.
Este programa consiste em permitir que o trabalhador tenha acesso a uma bicicleta e aos equipamentos de protecção em regime de aluguer. Para aceder a este esquema a entidade patronal tem de aderir ao Cyclescheme.
Depois disto, o trabalhador desloca-se a uma das lojas aderentes, faz um orçamento e pede um voucher. Se tudo for aceite, receberá o voucher e pode trocá-lo pela bicicleta e equipamentos que escolheu. A entidade patronal paga o valor total à loja e, em contrapartida, durante um determinado período de tempo, o valor total é descontado mensalmente do ordenado, antes de serem aplicados os impostos. Isto permite diluir o valor ao longo desse tempo e reduzir o valor do ordenado a ser taxado.
No final do período do aluguer a empresa pode dar ou vender a bicicleta e equipamentos ao trabalhador pelo valor de mercado, ou este pagar uma caução simbólica e prolongar o período de aluguer por mais 36 meses no máximo, sem qualquer outro pagamento mensal. No final deste período, tudo pertence ao trabalhador sem quaisquer custos adicionais.
As bicicletas são, sem quaisquer dúvidas, uma maneira saudável para se deslocar para o trabalho! Saudável para quem as utiliza, uma vez que contraria o sedentarismo, é uma fonte de exercício pelo menos duas vezes por dia. São também saudáveis para a cidade e para o ambiente, reduzindo o número de carros a circular na cidade, contribuindo para uma menor poluição sonora e do ar. Contribui para a diminuição do número de pessoas a sobrelotar as horas de ponta nos transportes públicos, facilitando a gestão da frota e dos funcionários.
Quer pela via do aluguer na rua, via Cyclesheme ou compra directa, as bicicletas são uma visão constante pelas ruas Londrinas! Para tal contribuem os incentivos governamentais, a poupança gerada por não utilizar o carro pessoal ou os dispendiosos transportes públicos londrinos, a motivação pessoal e as condições criadas pelas entidades patronais. Algumas empresas disponibilizam balneários para os funcionários poderem tomar banho e trocar a roupa de ciclista para o traje de trabalho.
E o leitor, já alguma vez ponderou pedalar para o trabalho?
[fonte]Fonte da Imagem: Miguel Oliveira
Referências: Transport for London; Visit London; Department for Transport: Cycle to Work Scheme implementation guidance ; HM Revenue & Customs: EIM21667a – Particular benefits: bicycles [/fonte]