Por não existir uma tradução e tendo em conta que flavores é diferente de sabores, segundo a International Organization for Standardization (ISO) um flavor é uma combinação complexa de sensações: olfato, sabor e perceção sensitiva através do nervo trigémeo durante a “degustação”.
O flavor de um alimento ou outra substância é determinado principalmente pelos sentidos químicos do paladar e do olfato. Os “sentidos trigeminais”, que detetam irritantes químicos na boca e na garganta, assim como a temperatura e textura, são também muito importantes para a perceção do sabor.
Dos três sentidos químicos, o olfato é o principal determinante do sabor do alimento. Enquanto o sabor dos alimentos é limitado a doce, azedo, amargo, salgado, saboroso, pungente, picante e metálico (os sete sabores básicos), as sensações provocadas pelo cheiro de um alimento são potencialmente ilimitadas.
Desde há muito tempo se sabe que as experiências maternas durante a gravidez e lactação, em stress ou situações traumáticas como são por exemplo as carências alimentares, causam alterações físicas ou mentais na criança.
Poucos dias após o nascimento, o bebé reconhece o odor do próprio líquido amniótico, o que sugere que as experiências sensoriais pré-natais podem influenciar comportamentos e preferências do recém-nascido. Além disso, o ambiente a partir do qual o recém-nascido veio, o âmnio, contém compostos derivados de sabores dos alimentos ingeridos pela mãe enquanto grávida.
Foi neste sentido que Mennella e Beauchamp se propuseram estudar, em seres humanos, a seguinte questão: poderão as experiências de flavores pré-natais influenciar as respostas aos sabores/flavores para alimentos sólidos, no período pós-natal?
A pesquisa revelou que o leite humano não é um alimento de sabores invariáveis, mas que oferece o potencial para diferentes experiências sensoriais para o bebé. Uma grande variedade de produtos voláteis ou ingeridos pela mãe, como por exemplo, o álcool, o alho, a hortelã, queijo, baunilha, cenoura ou o tabaco, são transmitidos para o leite materno.
Quer o líquido amniótico quer o leite materno, apresentam um traço comum no sabor com os alimentos consumidos pela mãe, o que sugere que o leite materno pode reforçar as experiências com sabores no útero, e facilitar a transição para alimentos sólidos.
Os tipos e intensidade de sabores experimentados no leite materno pode ser único para cada criança e servem para identificar a cultura alimentar na qual a criança nasce.
[fonte]Referencias: Shankar, Maya U.; Levitan, Carmel A.; Spence, Charles. Grape expectations: The role of cognitive influences in color–flavor interactions. Consciousness and Cognition. 2010, 19 (1)pp. 380–90; Julie A. Mennella, Coren P. Jagnow, Gary K. Beauchamp. Prenatal and Postnatal Flavor Learning by Human Infants. PEDIATRICS. 2001, 107 (6) pp. e88. Association for psychological science – Flavor Learning in Utero and Infancy. Linda Bartoshuk, 2013. [/fonte]