Sendo a doença um processo podemos dividir a sua evolução em três grandes etapas, cada uma delas com um tempo e aspetos particulares: o ANTES, o DURANTE e o DEPOIS.
Mais importante ainda: podemos dividir cada um destes períodos em outros tantos (neste capítulo poderíamos ser muito exaustivos e então iríamos encontrar uma enorme quantidade de “etapas” intermédias, cada uma contendo uma parte da anterior e uma parte da posterior). Mas fiquemos por uma delas.
Por exemplo, a etapa do ANTES. Temos então: 1º o “antes” da doença existir em nós; 2º o “antes” em que a doença faz a sua aparição algures no corpo e que pode não apresenta sintomas e 3º o “antes” dela se instalar definitivamente e entrarmos já em pleno na fase do DURANTE (que pode ser dolorosa, prolongada e fatal; ou súbita e passageira; ou súbita e mortal, etc.).
O nosso corpo tem, para a maioria das doenças conhecidas, uma grande capacidade de lidar com o ANTES. Nessa ocasião (e quanto mais “antes” for mais isso se verifica) o nosso sistema imunitário e seus aliados está mais energizado e pronto para travar as enfermidades potenciais (e são muitas, todos os dias!!!) que rondam a nossa vida através das mais diversas formas e processos.
É nesse ANTES – que pode estender-se por muitos anos! – que temos o espaço e a oportunidade para a prevenção, adotando outros estilos de vida, mudando hábitos e seguindo modelos de comportamento que fortaleçam o organismo.
Isso faz-se aprendendo a gerir bem (e não a esgotar) a maravilhosa sensação de bem-estar que a saúde proporciona. É um exercício de autoconhecimento e de autoconsciência, mas também de amor-próprio, de autoestima e de conexão com a Natureza da qual somos parte integrante (muitas doenças instalam-se em nós porque nos esquecemos dessa ligação e vivemos separados da mãe-Natureza levando vidas artificializadas e adversárias da saúde).
É, na prática, um problema de educação que deve envolver cada um de nós e toda a comunidade.
Eu não compreendo, por exemplo, como era possível ainda há muito pouco tempo as escolas estatais manterem máquinas de “snacks” nas suas instalações e como muitos pais se permitem dar aos seus filhos, mesmo os mais pequenos, pequenos-almoços absurdos e doentios (e não admira pois que quase 30% das crianças portuguesas sejam obesas; enfim, essas já estão na fase final do “antes” de ficarem doentes, se é que já não estão mesmo doentes).
O poder da auto cura do nosso organismo é enormíssimo e só se reduz porque temos uma péssima relação com a saúde. Para muitas pessoas a saúde não é algo que se pode gerir mas mais uma questão de destino. Ou seja, fica-se doente porque o acaso assim o quis. É uma crença mais ou menos instalada em muita gente.
Mas não sejamos parvos. A saúde é uma condição normal da Natureza de tudo aquilo que tem vida à face da Terra. Não fosse assim e já a Terra era um planeta sem vida. A doença é sempre um desvio, não do destino mas do processo de viver. Os próprios animais vêm armados com estratégias de defesa imunitária (por exemplo, as águias acasaladas estão constantemente a retirar parasitas do pescoço e da borda dos olhos do companheiro; quando um deles morre, esses parasitas acabam por matar o animal que fica sozinho, daí que procurem acasalar novamente).
Se o nosso organismo vem com uma série de estratégias naturais de defesa imunitária e de auto cura porque admitimos levar uma vida contrária a essa manifestação de inteligência corporal?