Causas de abandono do aleitamento materno – parte 1

ingurgitamento-mamário (1)Em Portugal não existem estatísticas sobre a incidência e a prevalência do aleitamento materno.

Alguns estudos portugueses apontam para uma alta incidência do aleitamento materno, significando que mais de 90% das mães portuguesas iniciam o aleitamento materno; no entanto, esses mesmos estudos mostram que quase metade das mães desistem de dar de mamar durante o primeiro mês de vida do bebé, sugerindo que a maior parte das mães não conseguem cumprir o seu projecto de dar de mamar, desistindo muito precocemente da amamentação.

As contra indicações do aleitamento materno podem ser:

Temporárias: Em casos particulares de mãe portadora de algumas doenças infeciosas, como a varicela, herpes com lesões mamárias, tuberculose não tratada ou em caso de toma de alguns medicamentos, o bebé deve ser alimentado com leite artificial, contudo, a produção de leite materno deverá ser estimulada.

Definitivas: Casos de mães infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana (SIDA) ou bebés com doenças metabólicas raras como a fenilcetonúria e a galactosemia.

Dificuldades na amamentação: Nas primeiras semanas de amamentação podem surgir algumas dificuldades, principalmente para as mães que estão a amamentar pela primeira vez.

Ingurgitamento (mamas muito cheias e dolorosas): Quando o leite “desce”, por volta do 2º e 3º dia, as mamas podem ficar quentes, mais pesadas e duras, devido ao aumento de leite e à quantidade de sangue e de fluidos nos tecidos da mama. Pode ocorrer um ligeiro aumento da temperatura corporal que não ultrapassa, em regra, os 38º C, durante 24 horas. Habitualmente, o leite sai com facilidade e a mãe continua a dar de mamar sem dificuldade.

Algumas vezes, especialmente se o leite não é retirado em quantidade suficiente, as mamas podem ficar ingurgitadas. Nesta situação as mamas ficam tensas, brilhantes e dolorosas, e pode ser difícil retirar o leite. A mãe pode amamentar menos porque tem dor e a produção de leite diminui porque a criança mama durante pouco tempo, de modo não eficaz, e o leite não é retirado.

A mama pode ficar infectada porque o leite não é drenado e, especialmente, se a mãe tem fissuras nos mamilos.

Para prevenir, a mãe deve dar de mamar em horário livre e colocar a criança a mamar em posição correcta e verificar os sinais de boa pega.

Para tratar, deve-se retirar o leite da mama, colocando o bebé a mamar, se possível, ou com expressão manual ou bomba.

Deve continuar a retirar com a frequência necessária para que as mamas fiquem mais confortáveis e até que o ingurgitamento desapareça.

Referências: Leonor Levy e Helena Bértolo. Manual do aleitamento materno. Comité Português para a UNICEF/Comissão Nacional. Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés. Edição Revista de 2008, Lisboa.

 

Marisa Figueiredo, nutricionista licenciada em Ciências da Nutrição e mestre em Nutrição Clínica, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, iniciou atividade clínica em 2004. É doutoranda na Faculdade de Medicina de Lisboa no curso de Doenças Metabólicas e de Comportamento Alimentar. Desenvolve atividade docente desde 2007 e colabora frequentemente em ações de divulgação na promoção da saúde e prevenção das doenças crónicas. Dedica o seu trabalho à nutrição clínica, no adulto e na criança, com particular interesse pela alimentação e saúde infantil. Acredita que o seu trabalho deve assentar essencialmente na mudança de atitudes face a comportamentos que possam pôr em risco a saúde. A estratégia adoptada passa por fazer chegar a mensagem aos pais e seus educandos. A prevenção começa in útero. Colaboradora do Stop Cancer Portugal desde Janeiro de 2013. Por indicação do autor, os seus textos não obedecem ao novo acordo ortográfico.     Marisa Figueiredo is a nutritionist, graduated in Nutritional Sciences and has a Master degree in Clinical Nutrition of the Institute of Health Sciences Egas Moniz. Started her clinical activity in 2004. She is a PhD student in Metabolic Diseases and Feeding Behavior at the School of Medicine of Lisbon. Develops teaching activity since 2007 and collaborates frequently in actions and workshops for promoting health and preventing chronic diseases. His work is dedicated to clinical nutrition in adults and children, with particular interest in child´s health and nutrition. She believes that her work should be based on attitudes and behaviours’ changing and prevention begins in utero. Collaborates in Stop Cancer Portugal since January 2013.