O Stop Cancer Portugal tem alertado para os fatores de risco associados ao cancro, nomeadamente os associados com a alimentação, o sedentarismo, a exposição ao fumo do tabaco e raios solares. Porém estima-se que 15 a 20% de todos os cancros sejam provocados por bactérias e vírus. Este número pode parecer alarmante, mas também é possível prevenir o cancro provocado por estes microorganismos!
As infeções são uma das áreas mais investigadas ao longo dos tempos. Já os nossos antepassados faziam o que de melhor sabiam para tratar as infeções. Ao longo do tempo foram testando os tratamentos, avaliando a sua eficácia, rapidez e efeitos secundários. Mais recentemente, associado ao estudo do tratamento do cancro, os investigadores têm conseguido associar alguns microorganismos a determinados tipos de cancro. Neste post abordarei dois desses organismos.
Nos últimos 5 anos, o Vírus do Papiloma Humano (HPV) foi amplamente abordado na comunicação social, aquando da comercialização da vacina e da inclusão desta no Programa Nacional de Vacinação. Este vírus, na maior parte dos casos, não provoca sintomas ou pode dar origem a lesões benignas que regridem sem sequelas. No entanto algumas dessas lesões podem tornar-se malignas e evoluir para cancro. Desta forma, o HPV está associado ao cancro do colo do útero, da vulva, do ânus, do pénis e mais recentemente também a algumas formas de cancro da cavidade oral. A principal via de transmissão é o contacto direto, maioritariamente pelo contacto sexual. Por este motivo, as medidas de prevenção dos cancros associados ao HPV são as medidas de prevenção da transmissão do próprio HPV, ou seja, a abstinência sexual (não havendo contacto direto, não há transmissão) e o uso do preservativo (não previne totalmente, mas diminui o risco). No caso das mulheres, a colpocitologia, mais conhecido pelo “Papanicolau“, permite a inspecção da vulva e colo do útero em busca de lesões. Qualquer situação suspeita é analisada em laboratório e iniciado o tratamento adequado. Foram identificadas mais de 200 variantes (ou formas) do HPV, sendo que 40 delas são causadoras de cancro. As duas vacinas comercializadas conferem protecção para as variantes do HPV responsáveis pelo maior número de situações de cancro.
Segundo os dados do National Cancer Institute, a Helicobacter pylori é uma bactéria que infecta o estômago e pode ser detectada em cerca de dois terços da população mundial, contudo a infecção é mais frequente nos países em desenvolvimento. Apesar de ser uma infecção frequente, na maior parte dos casos sê-lo-á de forma silenciosa, sem provocar qualquer sinal ou sintoma. É consensual que esta bactéria provoca úlceras, principalmente no estômago, e que estas úlceras podem evoluir para cancro gástrico. A principal via de transmissão é a comida ou água contaminadas com a bactéria, daí ser mais frequente nos países mais pobres e em populações mais desfavorecidas. Neste caso, as medidas de prevenção restringem-se à utilização de água potável e às condições adequadas de refrigeração e de higiene na conservação e manipulação dos alimentos. A irradicação da bactéria através de antibióticos não é consensual.
[fonte]Outras fontes: http://www.cancer.org/cancer/news/expertvoices/post/2012/03/04/viruses-bacteria-and-cancer-or-ite28099s-not-all-smoke-and-sunlight.aspx [/fonte]