Framboesas: apanhe-as se puder!
Vê-se mais rapidamente uma criança ou um adolescente a comer um pacote de gomas, a imitar framboesas, do que a comer verdadeiras framboesas.
A melhor desculpa para este comportamento é a preferência dos seres humanos ao sabor a doce. Será? Ou este comportamento, já tão vulgar, se deva à falta de oportunidade de experimentar alimentos verdadeiros como os frutos, de os provar, conhecer e, acima de tudo, de incutir o seu consumo desde tenra idade.
Pela sua beleza exterior, as framboesas são, à partida, uma tentação; mas, quando estão maduras são de uma doçura intensa e perfumada. De resto, como o são muitos outros frutos, quando são consumidos na sua época natural de colheita.
Estes frutos silvestres crescem junto ao solo, em hastes, e são fáceis de apanhar; no entanto, apenas estão disponíveis por um período curto, de Julho a Agosto.
As variedades Tulameen e Glen Ample são assumidamente framboesas de verão. Lá para o outono, aparecem as variedades Autumn Bliss e Joan J, diferentes no paladar e duram mais algum tempo. Apanhe-as se puder!
Caso não seja possível ter a experiência de as apanhar e comer, hoje em dia as framboesas estão à venda em todo o lado, disponíveis em pequenas caixas, onde é visível a variedade e a sua origem. E o preço por quilo? Uma caixa de framboesas consegue ser mais económica do que um pacote de gomas a imitar framboesas e com superioridade nutricional garantida.
Servir-se de uma pequena porção de framboesas (30 framboesas são aproximadamente 100 gramas), é fornecer uma boa dose de vitamina C (26, 2 mg), de manganésio (0,7 mg) e de fibras (6,5 mg), sendo as framboesas as que detêm o record da maior quantidade, em fibras, transportada entre todos os frutos conhecidos.
No campo dos fitoquímicos, as framboesas põem à disposição um conjunto considerável de substâncias de diferentes classes: flavonóides, antocianidinas e ácidos fenólicos, colocando-as em destaque na participação ativa da prevenção do cancro, e isto se as associarmos à prática dos hábitos alimentares promotores da saúde.
É nas framboesas que se encontra a maior fonte natural de ácido elágico, cerca de 14,6 mg por 100 gramas. A atividade anticancerígena do ácido elágico deve-se à sua capacidade em inibir a ativação de certas substâncias cancerígenas, como são os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e as nitrosaminas, evitando assim mutações no ADN.
Para além de outros mecanismos de ação, já explicados em rubrica anterior a propósito dos morangos, a literatura científica confirma e adianta: o ácido elágico controla o crescimento das células tumorais por regulação de múltiplas vias de sinalização celular, para restaurar a homeostasia. Entre estas vias, destacam-se algumas das mais importantes, como o fator de transcrição NF-κβ, o gene supressor tumoral p53 (Tumor-supressor gene p53) e a via CK2 (Casein kinase II).
Vale a pena trocar framboesas frescas por um pacote de pequenas bolas tingidas por corante de tom carmim e densas de açúcar, a fingir que o são?
Três dezenas de framboesas com iogurte podem tornar-se num lanche delicioso para alguns destes dias de verão.