A mucosite é um problema de saúde caracterizado pela inflamação, edema e ulceração da mucosa – a camada de tecido mais externo que reveste o sistema digestivo, desde a cavidade oral ao ânus.
Existem dois tipos de mucosite, a oral e a gastrointestinal. A primeira é caracterizada pelo desenvolvimento de eritema (vermelhão) e úlceras (“aftas” que romperam), já a segunda, que por ocorrer no interior do sistema digestivo, caracteriza-se pela diarreia. A mucosite pode ser um dos efeitos secundários dos tratamentos de quimioterapia (QT), radioterapia (RT) e transplante de medula óssea.
A mucosite oral, como consequência da exposição aos agentes de QT e RT, resulta das lesões que eles provocam nas células da mucosa e nos vasos sanguíneos adjacentes.
No entanto nem todos os doentes em tratamento desenvolvem mucosite oral. A sua incidência depende de alguns fatores:
- Localização do tumor: os cancros localizados na cabeça ou pescoço são mais suscetíveis;
- Do medicamento usado no tratamento de QT, da sua concentração e frequência de administração: é mais comum nos tratamentos de QT com 5-fluorouracil, metotrexato, doxorrubicina, etoposide, melfalan, citosina arabinoside, ciclofosfamida;
- Da secura da boca durante os tratamentos: a boca seca favorece o desenvolvimento da mucosite, no entanto a própria secura é um efeito secundário da RT e da QT;
- Higiene oral: a higiene oral cuidada é um fator protetor;
- Tratamentos de radioterapia em altas doses na zona do pescoço e boca.
A mucosite oral reverte sem necessidade de tratamento específico e não deixa cicatrizes. No entanto pode causar dificuldade na fala, assim como na mastigação e deglutição dos alimentos devido à dor. A dor pode ser bastante intensa. Provavelmente, todos nós já tivemos alguma afta na cavidade oral e já sentimos o incómodo e a dor que nos causou. Agora imaginemos que não temos apenas uma mas várias e algumas delas ulceradas… Essas úlceras são também uma porta de entrada dos microorganismos que podem provocar infeções. A mucosite oral se estiver associada à diarreia e à diminuição da ingestão alimentar, facilmente conduz à desidratação e à subnutrição.
A Organização Mundial da Saúde classifica a mucosite oral em 5 categorias:
Na mucosite oral de grau 4 o doente não tem capacidade para se alimentar normalmente, pelo que pode ser necessária a introdução de uma sonda para a alimentação ou então a alimentação parentérica (fórmulas específicas com substitutos alimentares que são administrados por via endovenosa).
Sempre que se conseguir alimentar, o doente deve optar por alimentos macios ou triturados e mornos em vez de quentes. Para além disso, deve evitar os alimentos condimentados, secos, salgados ou ácidos, e evitar a ingestão de álcool. Durante o dia deve humedecer a cavidade oral ingerindo pequenas porções de água ou chupando gelo moído ou cubos de gelo. O gelo não é recomendado se o tumor está localizado na região da cabeça e pescoço, uma vez que causa vasoconstrição e pode influenciar a eficácia do tratamento.
Uma boa higiene oral, tal como já foi referida, é um fator protetor da mucosite oral. Mesmo durante o tratamento da mucosite é importante manter uma boa higiene oral. Deve escovar os dentes todas as manhãs e após a ingestão de alimentos. A escova de dentes deve ser de sedas macias (na dúvida confira na embalagem) e deve ser trocada regularmente (pelo menos de 3 em 3 meses). Durante o dia deve bochechar a boca com os colutórios recomendados pela equipa de saúde.
[fonte]Referencias: http://www.nhs.uk/conditions/Mucositis/Pages/Introduction.aspx; http://mouthsmadegood.com/PT-PT/Home.asp; http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/supportivecare/oralcomplications/patient/page5 [/fonte]