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Vamos às favas!

Vamos às favas?

As favas querem-se jovens, tenras, para que sejam suculentas e saborosas. A partir de agora, temos pela frente, pelo menos, dois meses em que as vamos encontrar com o máximo da frescura, pois é o tempo delas.

Assim, talvez seja possível uma maior adesão ao consumo de leguminosas, um pequeno grupo de alimentos fundamental para quem deseja cumprir uma alimentação equilibrada e completa.

Hoje, as leguminosas ocupam um lugar injusto no quotidiano alimentar português: não são muito consumidas, tendo em conta o valor nutricional que apresentam com apenas uma só dose, isto é, 30 gramas segundo a roda dos alimentos. Trata-se em boa verdade de um grupo exemplar de alimentos com um potencial inexplorado, sobretudo na vertente nutricional promotora da saúde.

As leguminosas contêm níveis altos de proteínas vegetais, de vitaminas, de minerais, de fibras alimentares e de substâncias fitoquímicas. No seu conjunto, estes nutrientes são uma potencial prevenção e terapêutica para algumas já conhecidas doenças crónicas.

Numa refeição em que as favas são eleitas, conte com elas para melhorar o aporte diário de vitamina C, de folatos e de fibras solúveis e insolúveis. As favas dão também um contributo proteico muito razoável e de vitamina B3, também denominada por niacina. Na lista das funções fisiológicas, a vitamina B3 está habilitada para colaborar na redução do colesterol LDL e no aumento do colesterol HDL, uma função muito vantajosa nos tempos que correm.

As favas, entre outros compostos fenólicos, contêm níveis muito elevados de catequinas, uma família de fitoquímicos que mostra uma atividade antioxidante marcada. É frequente o chocolate, o vinho e o chá serem considerados alimentos protetores nas doenças cardiovasculares e no cancro pelo seu conteúdo abundante em catequinas; os estudos  atribuem às catequinas a capacidade de inibir a agregação plaquetária, em reduzir a inflamação e melhorar a função vascular do endotélio.

Surpreendentemente, as favas exibem um teor muito superior em catequinas. O teor encontrado em 100 gramas de favas é de 184 mg, um número muito superior aos 7 mg do chocolate, aos valores identificados no chá, a oscilar entre os 25 e os 43 mg por 100 ml, e aos 56 mg no vinho tinto.

Para além de resultar uma ótima sopa de favas, na realidade elas são mais conhecidas à mesa acompanhadas com chouriço. Mas esta leguminosa fresca, levemente escaldada em apenas 30 segundos para reter os micronutrientes fundamentais, combina excecionalmente com peixe cozido ou frito, por exemplo o linguado, a faneca, o xarroco ou uns filetes de pampo. E como não podia deixar de ser, esta é a variante saudável e recomendada. É talvez um bom desafio para quem gosta de abraçar experiências culinárias. Vamos às favas?

[fonte] Referências: Kalogeropoulos N., Chiou A., Ioannou M., Karathanos V.T., Hassapidou M., Andrikopoulos N.K. Nutritional evaluation and bioactive microconstituents (phytosterols, tocopherols, polyphenols, triterpenic acids) in cooked dry legumes usually consumed in the Mediterranean countries. (2010) Food Chemistry, 121 (3), pp. 682-690; Auger C., Al-Awwadi N., Bornet A., Rouanet J.-M., Gasc F., Cros G., Teissedre P.-L. Catechins and procyanidins in Mediterranean diets. (2004) Food Research International, 37 (3), pp. 233-245. Créditos da imagem:http://photo.sh/tags/broad_bean [/fonte]

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