Passou por ela e não reparou? É possível, a anona é relativamente discreta.
Quem nunca provou uma anona, uma delícia tropical, à primeira vista não dá nada por ela. Não liberta cheiro que acione as papilas gustativas, como acontece com outros frutos, nem o seu visual exterior é o mais atrativo. Tem um tom verde-claro que vai escurecendo com o processo de amadurecimento e o seu formato arredondado irregular exibe um aspeto escamoso.
Quando cortada, a polpa é branca e divide-se em pequenos gomos poliédricos: cada gomo encerra uma semente grande e escura. Enfim, no global, o aspeto geral da anona não é encorajador para comprar, provar e gostar. Mas a curiosidade humana e o desejo de aventura, de procurar novas experiências pode revelar sabores novos e únicos, como é o caso, elevando a anona para o lugar de favorita.
Existem pelo menos 62 variedades de anona. Talvez seja por isso que, e só no mundo lusófono, esta fruta tenha diferentes denominações: coração negro (denominação dada no Arquipélago dos Açores e da Madeira), fruta-do-conde, fruta-pinha ou graviola, tudo vai dar à mesma fruta, a anona.
Aperte o cinto, vamos agora iniciar uma viagem ao mundo dos nutrientes da anona.
É uma fruta onde predominam as vitaminas C e B6, alguns minerais (potássio, cobre e magnésio), que se acompanham por uma excelente dose de fibra dietética (2,3 gramas por cada 100 gramas de polpa de anona) onde sobressaem as fibras insolúveis em detrimento das solúveis.
Dois estudos recentes revelam a presença de duas classes de fitoquímicos na anona: a classe dos flavonóides, representada pela epicatequina, a quercetina e a kaempferol, e a classe das acetogeninas, em altas concentrações, uma classe que parece possuir efeitos anti-inflamatórios e anti-tumorais.
Há muitos estudos científicos a relacionar um menor risco de aparecimento de alguns tipos de cancro com a ingestão diária de frutas e legumes com estas características. Através do seu consumo, há uma concentração abundante de vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos, o conjunto identificado com a capacidade anti-neoplásica. Um estudo publicado na revista Nutrition and Cancer, em Junho de 2011, registou um efeito protetor da anona, por inibição do crescimento tumoral da linha celular MDA-MB-468, no carcinoma da mama.
Ouve-se falar de previsões, já com séculos de existência, em que o ano 2012 estará ligado a acontecimentos invulgares. De facto, agora que ele está aí e que parece prometer ser tão diferente, fica a proposta: teste a anona, provavelmente ela também invulgar, mas mais uma fruta para que a sua alimentação seja tão variada quanto possível.
[fonte] Referencias: Dai Y, Hogan S, Schmelz EM, Ju YH, Canning C, Zhou K. Selective growth inhibition of human breast cancer cells by graviola fruit extract in vitro and invivo involving downregulation of EGFR expression. Nutr Cancer.2011;63(5):795-801.;Gaytri Gupta-Elera, Andrew R. Garrett, Andres Martinez, Richard A. Robison, Kim L. O’Neill. The antioxidant properties of the cherimoya (Annona cherimola) fruit. Food Research International. 2011; 44 ( 7): 2205-2209.;Li Fu, Bo-Tao Xu, Xiang-Rong Xu, Ren-You Gan, Yuan Zhang, En-Qin Xia, Hua-Bin Li. Antioxidant capacities and total phenolic contents of 62 fruits. Food Chemistry. 2011;129(2):345-350; Créditos da imagem:http://www.cherimoya.biologique.bio/ [/fonte]