Embora apresentem aspectos muito diferentes, o nabo e a nabiça são legumes com a mesma origem. São verdadeiras brassicas, da família das couves.
O nabo é uma raiz e a nabiça é claramente a folha. Esta classificação, quanto à constituição, da planta destinada à alimentação não oferece dúvidas. Têm destinos diferentes mas utilizam-se quase sempre na confecção de coisas muito simples, deliciosas e saudáveis como são as sopas e as saladas.
Ainda não são considerados alimentos tipo gourmet, mas quando colhidos tenros, em cru ou cozidos ao vapor, podem surpreender o paladar. O nabo, por exemplo, tem um sabor doce e suave, semelhante a nozes.
A energia que estes o nabo e a nabiça proporcionam é desprezível: 28 e 32 calorias, respectivamente para o nabo e para a nabiça, por cada 100 gramas de parte comestível. Para quem se preocupa em manter um peso saudável, sinta-se livre para os inserir no prato.
A sua riqueza nutricional expressa-se pela fibra dietética que disponibiliza (1,8 g para o nabo e 3,2 g para a nabiça, por cada 100 g), sendo muito vantajosa para quem sofre de obstipação, e pela ampla variedade de vitaminas (K, A, C, E, folatos e B6) e minerais (manganésio, cálcio, cobre, magnésio e potássio), possibilitando uma ingestão adequada destes nutrientes essenciais.
O nabo e a nabiça também facilitam o acesso a um conjunto de compostos biologicamente activos, os fitoquímicos. Os resultados de um estudo português revelaram a presença de 14 compostos fenólicos, exibindo um forte potencial antioxidante.
No entanto, o melhor do nabo e da nabiça está nas concentrações elevadas em glucosinolatos, os percursores dos isotiocianatos. Através da acção enzimática da mirosinase no intestino, os glucosinolatos são hidrolisados e transformados em diversos metabolitos, entre eles 3 isotiocianatos, identificados quimicamente por 3-butenil, 4-pentenil e β-feniletil isotiocinato e com um teor total a variar entre 147 a 151 μmol/100 g.
Actualmente estão bem documentados os efeitos anticancerígenos destas substâncias na prevenção do cancro do pulmão, colon, fígado, estômago e mama. Estão já identificados alguns dos mecanismos: indução da apoptose, regulação e inibição da proliferação das células tumorais; conseguem aumentar eficazmente a excreção urinária de substâncias cancerígenas, como são as aminas heterocíclicas encontradas nas carnes.
É caso para dizer: seja moderado com as chouriças e coma mais nabiças!
Referências: USDA National Nutrient Database for Standard Reference (2005); Fátima Fernandes, Patrícia Valentão, Carla Sousa, José A. Pereira, Rosa M. Seabra, Paula B. Andrade. Chemical and antioxidative assessment of dietary turnip (Brassica rapa var. rapa L.). Food Chemistry,2007;105 (3):1003-1010;Kristal, A.R., 2002. Brassica vegetables and prostate cancer risk: A review of the epidemiologic evidence. Pharmaceut. Biol., 40: 55-58.; Thomson CA, Rock CL, Thompson PA, Caan BJ, Cussler E, Flatt SW, Pierce JP.Vegetable intake is associated with reduced breast cancer recurrence in tamoxifenusers: a secondary analysis from the Women’s Healthy Eating and Living Study.Breast Cancer Res Treat. 2011;125(2):519-27.; Anticancer and Antimicrobial Activities of β-Phenylethyl Isothiocyanate in Brassica rapa L. Eunyoung HONG and Gun-Hee KIM, FSTR. Vol. 14, 377. (2008).; Yang G, Gao YT, Shu XO, Cai Q, Li GL, Li HL, Ji BT, Rothman N, Dyba M, Xiang YB, Chung FL, Chow WH, Zheng W. Isothiocyanate exposure, glutathione S-transferase polymorphisms, and colorectal cancer risk. Am J Clin Nutr. 2010;91(3):704-11.

Margarida Vieira, nutricionista, licenciada em Ciências da Nutrição (FCNAUP-1991), mestre em Nutrição Clínica (ISCSEM-2008). Doutorada em Estudos da Criança, na especialidade de saúde infantil pela Universidade do Minho. Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas com a cédula profissional nº 0052N.
Investigadora na Fundação para a Ciência e Tecnologia (2011-2015). Membro do Centro de Investigação em Estudos da Criança – CIEC.
Desenvolve a sua atividade na Investigação e na área da Nutrição Clínica. É autora e coordenadora de projectos de prevenção primária na área da saúde, bem como na organização e dinamização de seminários sobre hábitos alimentares saudáveis, predominantemente em ambiente escolar.
Os seus atuais interesses de investigação, são no domínio da promoção e da comunicação para a saúde, na prevenção do cancro e de outras doenças crónicas.
Responsável pela conceção e coordenação de campanhas para a prevenção do cancro.
Trabalhou no Marketing Farmacêutico e especializou-se em Gestão e Comunicação da Marca (IPAM – 2003).
Autora e fundadora do Stop Cancer Portugal, adotar um estilo de vida saudável.
Usa o novo acordo ortográfico.
Margarida Vieira, nutritionist, is PhD in Child Studies of the University of Minho. Member collaborator of the Research Centre for Child Studies - CIEC.
She is author and coordinator of projects for primary prevention in health care as well as in the organization and promotion of workshops on healthy eating habits in the schools.
Her current research interests are cancer prevention and other chronic diseases and health communication.
Responsible for the design and coordination of the awareness of campaigns for the prevention of cancer.
Worked in Pharmaceutical Marketing and specializes in Brand Management and Communication.
Author and Founder of Stop Cancer Portugal Project.
Nabo e Nabiça: uma origem, destinos diferentes, mais proteção » Stop Cancer Portugal
29, Novembro, 2013 @ 12:02
[…] O texto «Nabo e Nabiça: uma origem, destinos diferentes, mais proteção» foi publicado pela primeira vez no Stop Cancer Portugal em Novembro de 2011. […]