Uma dúzia de castanhas é bom senso

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“As castanhas engordam? Se estou a seguir um plano de emagrecimento, posso comer castanhas? ” Estas perguntas são-me colocadas, vezes sem conta, na consulta quando o S. Martinho se aproxima.

Qualquer alimento, e estão incluídos todos sem excepção, que contenha calorias, provenientes dos nutrientes que o compõem (hidratos de carbono, gorduras e proteínas), pode contribuir para o ganho de peso se não se cumprir uma regra básica: comer com um limite a que chamo de bom senso.

Comer dois quadrados de chocolate é o mesmo que comer uma tablete? Não. Então, comer 10 ou 12 castanhas não é o mesmo que comer 0,5 kg, pois não? No jantar de S. Martinho vai comer só castanhas? Esperemos que não!

Não comer castanhas nesta altura implica perder a oportunidade de desfrutar de um sabor único como é o da castanha e, de comemorar com a família uma festa de tradições seculares, o magusto. Mas veja o que pode perder mais.

Uma dúzia de castanhas, sem casca, pesa cerca de 100 gramas. Contêm 8 gramas de fibras, boas doses de vitamina C, de cobre e de manganésio; em doses menores, entre outros, estão também presentes o magnésio, o fósforo e o folato. O seu perfil fitoquímico é composto por flavonóides e compostos fenólicos e, dentro destes, é o acido gálico o que se encontra em maior quantidade.

Este fitoquímico, o ácido gálico, é citotóxico contra as células cancerosas deixando intactas as células saudáveis. Há um estudo, recentemente publicado no European Journal of Pharmacology, que demonstra que o ácido gálico actua por inibição da proliferação, da invasão e da angiogénese das células do glioma ou neuroglioma, um tumor do sistema nervoso central. Parece também que, para além disto, o ácido gálico ainda tem propriedades anti-fúngicas e anti-virais.

Terra fria, Soutos da Lapa e Padrela são 3 variedades de castanha portuguesa com denominação de origem protegida (DOP) da região de Trás-os-Montes, desde 1994, e há um estudo português que revela que existem apenas ligeiras diferenças no padrão nutricional dos minerais em cada uma destas variedades.

Coma castanhas com bom senso e preocupe-se, isso sim, em não comer determinados produtos alimentares que não acrescentam qualquer valor nutricional à sua alimentação.

Margarida Vieira, nutricionista, licenciada em Ciências da Nutrição (FCNAUP-1991), mestre em Nutrição Clínica (ISCSEM-2008). Doutorada em Estudos da Criança, na especialidade de saúde infantil pela Universidade do Minho. Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas com a cédula profissional nº 0052N. Investigadora na Fundação para a Ciência e Tecnologia (2011-2015). Membro do Centro de Investigação em Estudos da Criança – CIEC. Desenvolve a sua atividade na Investigação e na área da Nutrição Clínica. É autora e coordenadora de projectos de prevenção primária na área da saúde, bem como na organização e dinamização de seminários sobre hábitos alimentares saudáveis, predominantemente em ambiente escolar. Os seus atuais interesses de investigação, são no domínio da promoção e da comunicação para a saúde, na prevenção do cancro e de outras doenças crónicas. Responsável pela conceção e coordenação de campanhas para a prevenção do cancro. Trabalhou no Marketing Farmacêutico e especializou-se em Gestão e Comunicação da Marca (IPAM – 2003). Autora e fundadora do Stop Cancer Portugal, adotar um estilo de vida saudável. Usa o novo acordo ortográfico. Margarida Vieira, nutritionist, is PhD in Child Studies of the University of Minho. Member collaborator of the Research Centre for Child Studies - CIEC. 
She is author and coordinator of projects for primary prevention in health care as well as in the organization and promotion of workshops on healthy eating habits in the schools. Her current research interests are cancer prevention and other chronic diseases and health communication.
 Responsible for the design and coordination of the awareness of campaigns for the prevention of cancer. Worked in Pharmaceutical Marketing and specializes in Brand Management and Communication. Author and Founder of Stop Cancer Portugal Project.