O cancro é uma doença que em geral provoca medo. O seu diagnóstico tem um impacto profundo no doente e na sua família.
Muitos são os autores que referem a ansiedade como uma das mais frequentes alterações do foro psicológico nos doentes portadores desta doença.
Como é do conhecimento geral, as consequências emocionais relacionadas com o cancro dependem do seu tipo e estadio. De entre a grande diversidade de cancros existentes, encontram-se expectativas de sobrevivência diferentes; processos terapêuticos diferentes, (uns mais agressivos do que outros) e alterações a nível da imagem corporal variadas (mais ou menos mutilantes). A personalidade de cada indivíduo em combinação com o seu diagnóstico e tratamento efectuado produz respostas emocionais mais ou menos expressivas.
Existem também outros factores responsáveis pelos níveis de morbilidade psicológica nos doentes com cancro, nomeadamente factores demográficos tais como a idade, sexo e estado civil; factores psicológicos pré-morbidos como a auto-estima, um historial psiquiátrico e factores ambientais como a existência ou não de apoio social.
A ansiedade destes doentes deve-se à existência de medos múltiplos tais como mutilações, futuro incerto, perda do estatuto social, dor, separação dos entes queridos e morte. O reconhecimento de sintomas de ansiedade que requerem tratamento pode ser difícil, uma vez que estes doentes podem apresentar insónias, pesadelos, tensão muscular, cansaço, hiperactividade, dispneia (falta de ar) e preocupação, sendo estas manifestações coincidentes na ansiedade e na própria doença oncológica.
Post convidado de Ana Paula Figueiredo, Enfermeira especialista em saúde mental e psiquiatria no IPO Porto.
[fonte]Referências: FIGUEIREDO, Ana Paula. Impacto do tratamento do cancro colorrectal no doente e cônjuge: implicações na qualidade de vida, morbilidade psicológica, representações da doença e stress pós-traumático. Tese de Mestrado, Universidade do Minho; 2007. [/fonte]